A LÂMPADA DE ALADIM - Por Mundim do Vale

Se um dia eu encontrar
A lâmpada de Aladim
Vou com um pano limpar
Do começo até o fim.
Quando o gênio aparecer
Com certeza vai dizer:
- Meu amo faça o pedido
Qualquer coisa desse mundo
Em menos de um segundo
Você será atendido.

Eu digo: - desejo a paz
E o homem mais consciente
Também não quero ver mais
Conflito no Oriente.
Quero o povo alimentado
O fim de todo atentado
Sem ninguém falar em guerra.
E já que fui escolhido
Quero lhe fazer pedido
Também para minha terra.

Eu quero ver João Marcelo
Chegar com muito dinheiro
Para comprar a Zé belo
Uma revista Cruzeiro.
Quero comprar um chocalho
E uma trança de alho
A João de Freitas na feira
Quero um bife mal passado
Doce de leite cortado
No café de Zé Pereira.

Quero ver o cacimbão
Perto de Zé de Corina
E o pé de algodão
Logo ali na outra esquina.
Quero ver despoluída
E a lagoa devolvida
Ao seu dono verdadeiro.
Quero escritura lavrada,
Carimbada e registrada
Em nome do padroeiro.

Quero ver tio Zé de Ana
Contando histórias pra mim
Comprar a dona Santana
Um pouco de alfinim.
Quero ver no Sanharol
Um jogo de futebol
Com bacabal de zagueiro.
Quero avistar Joaquim Ota,
Com Mundinho da Varjota
E Bastião Marinheiro.

Eu quero ver Seu Dudu
Na calçada da usina
Quero ver Joaquim Mandu
Vendendo gado a Cravina.
Quero ver Dona Vicência
Fazendo uma penitência
Sexta feira da paixão.
Quero ver Chico Carrim
Acendendo o estopim
Dos fogos da procissão.

Eu quero ver Seu Abel
Homem bom de pontaria
Quero ver Mestre Joel
Na sua alfaiataria.
Quero ver Dr. Feitosa
Atendendo Dona Dosa
No consultório dentário.
Quero avistar Zé Vieira,
Antônio e Chagas Taveira,
Didi Brito e Dr. Dário.

Quero ver o Mestre Tim
Com Pedro Souza tocando
Eu quero ver Seu Nelim
Na farmácia aviando.
Quero comprar pão-de-ló
E caldo de mocotó
Na banca de Bulandeira.
Quero comprar tricolina,
Mescla, linho e gabardina
Na loja de Zé Teixeira.

Eu quero ver João Bile
E Chico de Gregorinha
Josefa de Pedro André
Conversando com Cotinha.
Eu quero escutar aqui
A voz de Luís David
Pelas ondas da cultura.
Quero o Vale do machado
De ponta a ponta irrigado
Desenvolvendo fartura.

Quero também encontrar
Meu amigo Francelino,
José Carlos de Alencar,
Fático e Zé de Silvino.
Quero ver Joaquim Fiúsa
Que um bilhar não abusa
Porque gosta de jogar.
Quero ver José Caetano
Com Bernardo Mariano
Também jogando bilhar.

Como eu já pedi de mais
Pra terra de São Raimundo,
Quero agora pedir paz
Pra outra parte do mundo.
Já que você é de lá
Faça uma prece a Alá
Pra acalmar o Oriente.
Peça aos protetores seus
Enquanto eu peço que Deus
Dê juízo ao Ocidente.

Coloque todas nações
Presente a paz mundial
Para abrir seus corações
Na passagem do natal.
Lembre ao povo que a cruz
Conduzida por Jesus
Representou humildade.
Que a guerra nada mais é
Do que a falta de fé
Que assola a humanidade.

Não deixe ninguém morrer
Por falta de assistência
Mostre aos homens do poder
Onde se encontra a carência.
Acabe com o pistoleiro
Que assassina por dinheiro
E não vai para a prisão.
Acabe com agiotagem
Dê um fim na estiagem
Faça chover no sertão.

Se acha que é impossível
Não vai querer me atender
Eu acho que é possível
O que eu quero fazer.
Já que você não cumpriu
Entre por onde saiu
Que a lenda chegou ao fim.
Vou agora lhe enterrar
Pra ninguém acreditar
NA LÂMPADA DE ALADIM.

Mundim do Vale
20-12-2.001

Reprise dedicada para aqueles que estão chegando por aqui.