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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


sábado, 13 de novembro de 2010

REMEXENDO A SAUDADE...

CASA MINHA, CASA TUA
- Claude Bloc -


Casa minha, casa tua
De reboco ou de taipa
Cerca de vara trançada
Plantinhas pelo terreiro

Pinhão roxo na entrada
Pra espantar mal olhado
Latada lá no oitão.
Casa minha, casa tua
Lá no sertão é assim.


Lá na parede da sala,
Os santos dizem Amém
A imagem de Jesus
O Coração de Maria
São Sebastião, São José
E Frei Damião também

Flores de pano e papel
Pra enfeitar nossos sonhos
Retratos de seu Mané
E seus 10 filhos risonhos
Armador pra todo lado
Na parede embuçada
Tamboretes e cadeiras
E rede pra descansar.

Na mesa, linda toalha
De chita bem fulorada
Na panela reservada
Nata, fubá e coalhada.

Na cama, bem esticada
Uma colcha de retalho.
No canto um guarda-roupa
Uma janela sem trinco
Um chinelo já bem gasto
Rosário, véu e uns brincos.


Uma sela pra montar
Espingarda soca-soca,
e um bornal pra nós caçar
buscar preá lá na broca.

De noite um candeeiro
Em cima da prateleira
Um rosário no pescoço
Pros santos nos proteger
E uma rede limpinha
Pra gente adormecer.
Na cozinha o fogão
Queimando lenha cheirosa
Um pote e uma quartinha
Com a água bem fresquinha

Latas brilhando no armário
Cheias de arroz e feijão
Café de manjirioba
Milho para o mungunzá.
Galinhas pelo terreiro
Buscando de noite o poleiro
Um chiqueiro caprichado
Pra guardar as criação

Pilão, moinho e chaleira
Fazem festa na cozinha.
E no nosso coração
Casa tua, casa minha
Muita alegria e festa
Pois hoje em dia nos resta
Saudade desse sertão.

Claude Bloc

Ofereço a Antonio Morais e Mundim do Vale

16 comentários:

  1. Claude,

    Posso afirmar que estou amanhecendo na fazenda com poesia tão singela e lembrança tão forte.

    Chego a sentir o cheiro do estrume no curral e a ouvir o mugir da vacaria.

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  2. Claude.

    O poema e a ilustração vão se identificando, como coincidem tambem as lembranças. E, assim eu vou reconhecendo os lugares. Nesta casa ao lado do açude eu estive, um dia, no inicio da decada de 1970 com amigos visitando os seus pais. Que boas lembranças. Parabnes pelo poema. Obrigado pela postagens.

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  3. Claude. Obrigado por devidir essa jóia para mim e o Morais.
    Você passou muito tempo na metrópole, mas hoje resolveu viajar para o sertão.

    De uma casa no sertão eu digo:

    Tem um rato num buraco
    Com direito adquirido,
    Mas vem sendo perseguido
    Pelo danado do gato.
    O rato acha muito chato
    Viver na perseguição,
    Mas o gato faz questão
    De manter sua postura.
    TUDO QUE A GENTE PROCURA
    TEM NAS CASAS DO SERTÃO.

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  4. E sem querer o dedicastes pra, pois foi numa casa exatamente assim que nasci, só não falastes no jatobazeiro bem enfrente do lado esquerdo, nem das flores numa lata de óleo cheia com e flores do campo em cima da mesa com toalha já bem florida.
    Claude, és uma rainha, porque a usas transparente? Por ser modesta que nem um sertanejo.
    Beijos
    Íris Pereira

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  5. O mais interessante é que Claude escreveu e conseguiu ilustrar muito bem. Achei lindo. Eu ainda não sei usar essas ferramentas aqui no blog, até tenho material desse tipo mas não sei incluir no blog ainda. Touchée!
    Fafá

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  6. Claude.

    Crueldade...

    São casas rústicas e belas.
    São coisinhas pequeninas
    De sonhos pelas janelas
    Não há brigas nas esquinas

    Lá é a vida que impera.
    É debulha de feijão
    Namoro na escuridão
    Na calçada da donzela

    A safra recorde de milhos
    Na roça potes de arroz
    Pode ir preparando os silos
    Não deixe para depois

    A Claude mexeu comigo
    Acordou minha saudade
    Mesmo sem saber te digo
    A distância é crueldade!

    Francisco Gonçalves de Oliveira

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  7. Gente.

    Desculpem esses meus versinhos, são quase um improviso. Aplico apenas uma demão.

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  8. Dr. Savio me perdoe
    Por essa intromissão
    Hoje trouxe rapadura
    Milho cozido e baião
    Farofa e carne assada
    Capote e malassada
    E muita animação
    E apesar dessa quentura
    TUDO QUE A GENTE PROCURA
    TEM NAS CASAS DO SERTÃO.

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  9. Mundim quero lhe dizer
    Com muita satisfação
    Que essa animação
    É coisa boa de ver
    E só nessa condição
    Do gato caçando rato
    Do rato achando chato
    Tem mesmo muita loucura
    TUDO QUE A GENTE PROCURA
    TEM NAS CASAS DO SERTÃO.

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  10. Iris, eu não sou rainha
    Vivo na simplicidade
    Falo com honestidade
    Dessa terra que é tão minha
    E sempre na minha casa
    Alegria tinha asa
    O sertão é minha cura
    Tem feijão e rapadura
    TUDO QUE A GENTE PROCURA
    TEM NAS CASAS DO SERTÃO

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  11. Magnólia e Fafá
    Pra vocês escrevo agora
    E digo que a qualquer hora
    Que Morais me convidar
    Vou bater em "Rajalegre"
    Ver Nair e o Sanharol
    E antes que a noite escorregue
    Eu vou jantar com fartura
    TUDO QUE A GENTE PROCURA
    TEM NAS CASAS DO SERTÃO.

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  12. Francisco Gonçalves de Oliveira,

    A VIDA PELO SERTÃO

    A vida pelo sertão
    Ensina a simplicidade
    Ensina a felicidade
    Com o pouco que se tem

    E quero falar também
    De tudo que aprendi
    Da saudade que eu senti
    Do amor, do querer bem

    Tenho amor à minha terra
    Do baixio até a serra
    Da catingueira, do oiti
    E do baião com pequi.

    Sinto falta das noitadas
    Da prosa pelas calçadas
    De festa e renovação
    Dos toques do violão

    Sinto saudade da vida
    De minha gente querida
    De ser o que eu sempre quiz
    Muito alegre e feliz.

    E pra não perder esse mote
    E a saudade que não cura
    TUDO QUE A GENTE PROCURA
    TEM NAS CASAS DO SERTÃO.

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  13. Claude Bloc é o que é
    Uma grande poetisa
    Fazendo rima precisa
    Demonstrando sua fé

    No ceará o sertão
    Flora e fauna ela fala
    Do sertanejo não cala
    Tem ele no coração

    Para todo mal tem cura
    Digo isso com emoção
    "TUDO QUE A GENTE PROCURA
    TEM NAS CASAS DO SERTÃO."

    Aproveitei o tema pra provocar!kkkkkkkkkkkkk

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  14. Francisco, na Serra Verde
    Eu via o tempo passar
    Acordava bem cedinho
    No açude ia pescar
    Escutava os passarinhos
    Nos galhos a me falar
    Que o amor à minha terra
    Não pode se acabar, não
    E logo na noite escura
    "TUDO QUE A GENTE PROCURA
    TEM NAS CASAS DO SERTÃO."

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  15. Continua...

    São quase todas iguais
    As casinhas do sertão
    Baião de dois com cuscuz
    Fogueira de S. João
    No forno tem milho assado
    Num canto muito algodão
    Tem uma latada no fundo
    Ao lado de um cacimbão
    TUDO QUE A GENTE PROCURA
    TEM NAS CASAS DO SERTÃO.

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