CASA MINHA, CASA TUA
- Claude Bloc -
Casa minha, casa tua
- Claude Bloc -
Casa minha, casa tua
De reboco ou de taipa
Cerca de vara trançada
Plantinhas pelo terreiro
Pinhão roxo na entrada
Pra espantar mal olhado
Latada lá no oitão.
Casa minha, casa tua
Lá no sertão é assim.
Lá na parede da sala,
Os santos dizem Amém
A imagem de Jesus
O Coração de Maria
São Sebastião, São José
E Frei Damião também
Flores de pano e papel
Pra enfeitar nossos sonhos
Retratos de seu Mané
E seus 10 filhos risonhos
Armador pra todo lado
Na parede embuçada
Tamboretes e cadeiras
E rede pra descansar.
Na mesa, linda toalha
De chita bem fulorada
Na panela reservada
Nata, fubá e coalhada.
Na cama, bem esticada
Uma colcha de retalho.
No canto um guarda-roupa
Uma janela sem trinco
Um chinelo já bem gasto
Rosário, véu e uns brincos.
Uma sela pra montar
Espingarda soca-soca,
e um bornal pra nós caçar
buscar preá lá na broca.
De noite um candeeiro
Em cima da prateleira
Um rosário no pescoço
Pros santos nos proteger
E uma rede limpinha
Pra gente adormecer.
Na cozinha o fogão
Queimando lenha cheirosa
Um pote e uma quartinha
Com a água bem fresquinha
Latas brilhando no armário
Cheias de arroz e feijão
Café de manjirioba
Milho para o mungunzá.
Buscando de noite o poleiro
Um chiqueiro caprichado
Pra guardar as criação
Pilão, moinho e chaleira
Fazem festa na cozinha.
E no nosso coração
Casa tua, casa minha
Muita alegria e festa
Pois hoje em dia nos resta
Saudade desse sertão.
Claude Bloc
Ofereço a Antonio Morais e Mundim do Vale
Claude,
ResponderExcluirPosso afirmar que estou amanhecendo na fazenda com poesia tão singela e lembrança tão forte.
Chego a sentir o cheiro do estrume no curral e a ouvir o mugir da vacaria.
Claude.
ResponderExcluirO poema e a ilustração vão se identificando, como coincidem tambem as lembranças. E, assim eu vou reconhecendo os lugares. Nesta casa ao lado do açude eu estive, um dia, no inicio da decada de 1970 com amigos visitando os seus pais. Que boas lembranças. Parabnes pelo poema. Obrigado pela postagens.
Claude. Obrigado por devidir essa jóia para mim e o Morais.
ResponderExcluirVocê passou muito tempo na metrópole, mas hoje resolveu viajar para o sertão.
De uma casa no sertão eu digo:
Tem um rato num buraco
Com direito adquirido,
Mas vem sendo perseguido
Pelo danado do gato.
O rato acha muito chato
Viver na perseguição,
Mas o gato faz questão
De manter sua postura.
TUDO QUE A GENTE PROCURA
TEM NAS CASAS DO SERTÃO.
E sem querer o dedicastes pra, pois foi numa casa exatamente assim que nasci, só não falastes no jatobazeiro bem enfrente do lado esquerdo, nem das flores numa lata de óleo cheia com e flores do campo em cima da mesa com toalha já bem florida.
ResponderExcluirClaude, és uma rainha, porque a usas transparente? Por ser modesta que nem um sertanejo.
Beijos
Íris Pereira
O mais interessante é que Claude escreveu e conseguiu ilustrar muito bem. Achei lindo. Eu ainda não sei usar essas ferramentas aqui no blog, até tenho material desse tipo mas não sei incluir no blog ainda. Touchée!
ResponderExcluirFafá
Claude.
ResponderExcluirCrueldade...
São casas rústicas e belas.
São coisinhas pequeninas
De sonhos pelas janelas
Não há brigas nas esquinas
Lá é a vida que impera.
É debulha de feijão
Namoro na escuridão
Na calçada da donzela
A safra recorde de milhos
Na roça potes de arroz
Pode ir preparando os silos
Não deixe para depois
A Claude mexeu comigo
Acordou minha saudade
Mesmo sem saber te digo
A distância é crueldade!
Francisco Gonçalves de Oliveira
Gente.
ResponderExcluirDesculpem esses meus versinhos, são quase um improviso. Aplico apenas uma demão.
Dr. Savio me perdoe
ResponderExcluirPor essa intromissão
Hoje trouxe rapadura
Milho cozido e baião
Farofa e carne assada
Capote e malassada
E muita animação
E apesar dessa quentura
TUDO QUE A GENTE PROCURA
TEM NAS CASAS DO SERTÃO.
Mundim quero lhe dizer
ResponderExcluirCom muita satisfação
Que essa animação
É coisa boa de ver
E só nessa condição
Do gato caçando rato
Do rato achando chato
Tem mesmo muita loucura
TUDO QUE A GENTE PROCURA
TEM NAS CASAS DO SERTÃO.
Iris, eu não sou rainha
ResponderExcluirVivo na simplicidade
Falo com honestidade
Dessa terra que é tão minha
E sempre na minha casa
Alegria tinha asa
O sertão é minha cura
Tem feijão e rapadura
TUDO QUE A GENTE PROCURA
TEM NAS CASAS DO SERTÃO
Magnólia e Fafá
ResponderExcluirPra vocês escrevo agora
E digo que a qualquer hora
Que Morais me convidar
Vou bater em "Rajalegre"
Ver Nair e o Sanharol
E antes que a noite escorregue
Eu vou jantar com fartura
TUDO QUE A GENTE PROCURA
TEM NAS CASAS DO SERTÃO.
Francisco Gonçalves de Oliveira,
ResponderExcluirA VIDA PELO SERTÃO
A vida pelo sertão
Ensina a simplicidade
Ensina a felicidade
Com o pouco que se tem
E quero falar também
De tudo que aprendi
Da saudade que eu senti
Do amor, do querer bem
Tenho amor à minha terra
Do baixio até a serra
Da catingueira, do oiti
E do baião com pequi.
Sinto falta das noitadas
Da prosa pelas calçadas
De festa e renovação
Dos toques do violão
Sinto saudade da vida
De minha gente querida
De ser o que eu sempre quiz
Muito alegre e feliz.
E pra não perder esse mote
E a saudade que não cura
TUDO QUE A GENTE PROCURA
TEM NAS CASAS DO SERTÃO.
ABRAÇO A TODOS
ResponderExcluirClaude Bloc é o que é
ResponderExcluirUma grande poetisa
Fazendo rima precisa
Demonstrando sua fé
No ceará o sertão
Flora e fauna ela fala
Do sertanejo não cala
Tem ele no coração
Para todo mal tem cura
Digo isso com emoção
"TUDO QUE A GENTE PROCURA
TEM NAS CASAS DO SERTÃO."
Aproveitei o tema pra provocar!kkkkkkkkkkkkk
Francisco, na Serra Verde
ResponderExcluirEu via o tempo passar
Acordava bem cedinho
No açude ia pescar
Escutava os passarinhos
Nos galhos a me falar
Que o amor à minha terra
Não pode se acabar, não
E logo na noite escura
"TUDO QUE A GENTE PROCURA
TEM NAS CASAS DO SERTÃO."
Continua...
ResponderExcluirSão quase todas iguais
As casinhas do sertão
Baião de dois com cuscuz
Fogueira de S. João
No forno tem milho assado
Num canto muito algodão
Tem uma latada no fundo
Ao lado de um cacimbão
TUDO QUE A GENTE PROCURA
TEM NAS CASAS DO SERTÃO.