Nossa Várzea Alegre tinha
Num certo tempo passado,
Jesus Cristo na lapinha
Com Maria do seu lado.
Seu Amadeu arrumava,
Dona santa ajudava
Junta com Dona Andradina.
Depois que o padre benzia,
Vinha aquela romaria
Para a festa natalina.
A criança não sabia
Quem era papai Noel,
Pra ele só existia
O Menino Deus, no céu.
A festa era de acolhida,
Com toda família unida
Na igreja ou na capela.
Quem sofria era o peru,
Que o último gulu-gu-gu
Era perto da panela.
Na casa da minha avó
No natal tinha um estilo,
De se fazer pão-de-ló
Manzape, broa e sequilo.
A meninada comia,
Quando era no outro dia
Abarcava o que sobrou.
De toda essa verdade,
Eu me lembro da metade
E O RESTO MEU PAI CONTOU.
Hoje os netos de vovó
Não praticam o mesmo estilo,
Já não fazem pão-de-ló
Nem apreciam sequilo.
O peru já foi trocado,
Pelo um chest congelado
Do tamanho de um tetéu.
A casa é cheia de luz,
Mas esqueceram Jesus
Pensando em papai Noel.
É triste como essa gente
Faz do natal um mercado,
Só pensa em ganhar presente
E deixa Jesus de lado.
Essa nova geração,
Não mantém a tradição
De alguns anos atrás.
É o mal da juventude,
Que não conserva a virtude
E os costumes dos pais.
Quando a virgem deu a luz
A família era carente,
E o menino Jesus
Não ganhou nem um presente.
Hoje em dia a mídia manda,
A fé do povo desanda
E o natal perde seu brilho.
Como tudo já mudou,
O que meu pai me contou
NÃO VOU CONTAR A MEU FILHO.
Mundim do Vale.
"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".
Dom Helder Câmara
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Realmente, Mundim, os valores agora são bem outros. Seus filhos e netos talvez não pensem assim. O consumismo tomou conta do nosso Natal alegre. Fiquemos na recordação de um tempo em que éramos felizes e nem sabíamos.Parabéns milhões de vezes pela bela descrição de um tempo que não volta mais. Abraço Fafá
ResponderExcluirPois é Francesinha.
ResponderExcluirEsse verso reprisado, foi provocado
pelo Poeta Vicente. na sua postagem
anterior.
Pois é Raimundinho, adorei a provocação do Vicente, só assim eu poderia rever NOSSO ALEGRE NATAL através de seus belos versos. A Francesinha agradece.
ResponderExcluirOxente, Mundim tu tá chamando Fafá de francesinha, pois esse era meu apelido quando mocinha.
ResponderExcluirEu passava frente ao patamar da Igreja da Sé, lá no Crato e quando os meninos falavam esse apelido eu me encolhia toda e passava de cabeça baixa (risos).
Quanto ao seu texto, uma maravilha. Trouxe até lembranças adormecidas...
Obrigada, poeta maior, por este momento de relembranças.
Abraço (ainda) natalino.
Claude
Mundim voce disse tudo nessa quadrinha.
ResponderExcluir"É triste como essa gente
Faz do natal um mercado,
Só pensa em ganhar presente
E deixa Jesus de lado".
Receba o meu aplauso.