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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

MOURÃO - Por Dedé França e Mundim do Vale

Dedé:
Seu Mundim tenha cuidado
Quando bulir com Dedé.

Mundim:
Eu estou bem preparado
E no mourão tenho fé.

Dedé:
Você não sabe o que faz,
E além de tudo Morais
Não brigo com batoré.

Mundim:
Rimo sem quebrar o pé
Meu repente é vuco-vuco.

Dedé:
Você tá ficando doido
Pra mim você é maluco.

Mundim:
Doido pra brigar com alguém,
Nunca perdi pra ninguém
Quanto mais para um caduco.

Dedé:
Me disseram em Pernambuco
Que você lá foi vaiado.

Mundim:
Mas isso é sua mentira
Poeta mal informado.

Dedé:
E aqui só leva a pior,
Além de ser o menor
Só rima de pé quebrado.

Mundim:
Quem aqui está quebrado
É o vate do cariri.

Dedé:
Estou inteiro danado
Não vejo poeta aqui.

Mundim:
Você tá só a metade,
Conhecido na cidade
Por roedor de piquí.

Dedé:
Peça pra fazer xixi
Que você já tá molhado.

Mundim:
Melhor eu sair daqui
Que o velho é abusado.

Dedé:
Abuso no meu terreno,
Pois você é tão pequeno
Que não alcança num dado.

Mundim:
Sou um pequeno afamado
O tamanho na importa.

Dedé:
Um anão desaforado
Não grita na minha porta.

Mundim:
Grito e faço desaforo,
Não tenho medo de coro
Sou anão da carga torta.

Dedé:
Veja como se comporta
Poeta de rima bamba.

Mundim:
Sou valente comportado
E nunca vendi muamba.

Dedé:
Mas comigo é diferente,
Você nunca foi valente
Seu tamborete de samba.

Mundim:
Deixe a casca de mutamba
E mude pra catuaba.

Dedé:
O meu tesão e a rima
Vai e vem e não se acaba.

Mundim:
A mulher e a poesia,
Hoje lhe dão é azia
Nem rima mais, nem enraba.

Dedé:
Seu comedor de piaba
Não bula nesse terreno.

Mundim:
Eu bulo e não tenho medo
Sou cobra que tem veneno.

Dedé:
É cobra que não provoca,
Pelo tamanho é minhoca
Tudo em você é pequeno.

Mundim:
Sou um poeta sereno
Sua altura não me abala.

Dedé:
Onde tem poeta alto
Poeta baixo se cala.

Mundim:
Pra fazer você sofrer,
Eu só preciso esconder
Sua maldita bengala.

Dedé:
Você hoje aqui se entala
Vai rimar de marcha ré.

Mundim:
Só se você arranjar
Meia dúzia de Dedé.

Dedé:
Já cantei com gente boa,
Hoje tou cantando à toa
Com um poeta roda-pé.

Mundim:
Eu não sei você quem é
Se é gente ou é jerico.

Dedé:
Dentro da sua malota
Eu vi maracá e bico.

Mundim:
E na sua tem torrado,
Cobrança de advogado
Um rosário e um penico.

Dedé:
Nesse lugar eu não fico
Pois não tem competição.

Mundim:
Vá dormir na preguiçosa
Que é lugar de ancião.

Dedé:
É difícil acontecer,
Mas amanhã vai haver
Um enterro de anão.

Mundim:
Quando eu tiver no caixão
Você já tá enterrado.

Dedé:
Esperando por você
Para um mourão de finado.

Mundim:
Pode ir marcando o dia,
Não abro pra cantoria
Nem que lá seja pecado.

7 comentários:

  1. O MUNDIM MUNDAO A CADA POSTAGEM DEIXA AGENTE CADA VEZ MAIS MARAVILHADO. NESSA ABUSOU EM UM ESTILO DIFICIL E NATURALMENTE CARACTERÍSTICOS DAS GRANDES PELEJAS ENTRE OS GRANDES DA POESIA POPULAR PARABÉNS POETA POR MAIS UMA E QUANDO MARCA AQUELE ENCONTRO MORAIS ME AVISE ... QUE UM CONVITE DA FORMA QUE FOI FEITO KKKKK NÃO SE TEM TODO DIA NÃO

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  2. Mundim,
    Muito bom!
    Muito bom!
    Ri demais das presepadas.
    Bitu

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  3. Eita, Mundim, pelo visto a peleja foi boa!

    Gostei demais!

    Abraço,

    Claude

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  4. Parabens Mundim.

    Voce nos tras uma obra de arte e lembra esse imortal Dedé de Zeba. Muito Boa Mesmo. Parabens

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  5. É isso aí gente.
    O poeta José Hélder França ( Dedé de Zeba ) É do Crato, é o pai da primeira dama Sônia Araripe e conterrâneo de um punhado de colaboradores do Sanharol.

    Obrigado pelos comentários positivos.

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  6. Prezado Mundim.

    Uma pequena correção o nome da filha do Dedé França é Monica.

    Abraços.

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  7. É verdae primo.
    Foi um pequeno descúido.

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