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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


domingo, 13 de fevereiro de 2011

FOGUEIRA - Xico Bizerra

Fez-se luz. E o escuro até então predominante passou a ser apenas coisa do passado, uma mancha escura no deleitamento daquela gente feliz pelo fato de a luz ter-se feito. Como que a cumprir um tratado, como que antes combinado, braços dados com a luz chegaram trazendo a alegria das mãos que também se deram, numa grande roda em seu entorno, gargalhadas às tulhas, prazeres a granel. Risos francos, soltos e sinceros saudando a luminosidade que chegara e ali se mantinha alegrando almas e corações, tornando uma simples noite, que igual às outras seria não fosse aquela luz, uma noite de sonhos e abraços, de música e de saudações fraternas. Uma sanfona mal tocada tocava bem um baião; uma parceira que mal sabia dançar dançava bem no salão, bailarina que não era mas em que se transformara. Um banquete de coisa boa que só quem é feliz sabe o que é. O dia se anunciava e as cinzas da luz ainda ardiam quando uma chuvinha fina caiu como que a chorar pela festa que se fora numa noite de São João. E um resto de luz ainda ardia em brasa incandescente quando, no limiar do horizonte, um clarão noticiava, feito manchete de jornal, que o dia 24 batia à porta. Veio o sol, foi-se a festa, fez-se luz.

4 comentários:

  1. Parabens Xico.

    Eita que hoje voce foi buscar nos velhos Sao João nordestinos lembranças para nos judiar.

    Obrigado e um grande abraço.

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  2. Xico,

    Onde houver um escuro haverá, sempre, a esperança da luz. E onde houver a luz, a felicidade se mostrará em cada olhar, como um raio de vida. Parabéns!

    E como disse Camões: "Vi, bem visto, o lume vivo".

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  3. Xico,

    Você nesse texto pintou uma tela. Iluminou a cena e coloriu o cenário.
    Dá pra sentir som, luz, movimento. Delicioso de se ler.

    Abraço,

    Claude

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  4. obrigado a todos pela generosidade de seus comentários.isso motiva o cronista a insistir na tentativa de escrever algo que agrade a quem lê. abraço,

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