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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


quinta-feira, 3 de março de 2011

A Guerra do Paraguai: a verdade dos fatos -- por Armando Lopes Rafael

A partir da década 70 virou coqueluche, nas universidades públicas brasileiras, a divulgação de “novas interpretações” para a Guerra do Paraguai, o mais longo e sangrento conflito ocorrido na América do Sul. Boa parte dos professores de história daquela época, passou a adotar como verdade inquestionável o livro Genocídio Americano, a Guerra do Paraguai, de Júlio José Chiavenatto.
Nele consta que o imperialismo inglês manipulou o Brasil, a Argentina e o Uruguai, integrantes da Tríplice Aliança contra o ditador paraguaio Francisco Solano Lopez. Maus brasileiros continuam – ainda nos dias de hoje – afirmando ter sido Dom Pedro II o causador desse “genocídio”, sendo o imperador brasileiro o culpado pela morte de Solano Lopez.
Em novembro de 1994 ocorreu no Rio de Janeiro, na Biblioteca Nacional, o colóquio “Guerra do Paraguai–130 anos”, no qual o pesquisador inglês Leslie Bethell – da Universidade de Londres – provou que o quadro econômico do Paraguai, no século 19, nunca incomodou a então poderosa Inglaterra. Bethel demonstrou, também, que a decantada ajuda dos bancos ingleses à Tríplice aliança não passou de 15% dos gastos brasileiros com a guerra.
Já o falecido professor Alfredo Arraes Alencar, em interessante artigo, esclareceu:
A causa remota da guerra (do Paraguai) foi e megalomania de Lopez. Foi o seu ambicioso intento de conquistar territórios, a fim de estender seu domínio até o estuário do (rio) Prata. Para isso preparou-se largamente, armando o exército, construindo navios e levantando inexpugnáveis fortificações.
Declarou Lopez ao escritor espanhol Bermejo: “Sou soldado e tenho de declarar guerra ao Brasil. Se deixei que meu pai firmasse a paz, foi porque eu queria a glória de mostrar às repúblicas vizinhas que basta o Paraguai para derrubar aquele colosso”.
A causa próxima foi o apresamento do “Marquês de Olinda”, episódio ao qual se seguiu a invasão de Mato Grosso pelos paraguaios. Ao Brasil só lhe restava, evidentemente, o repelir a afronta pelas armas.
Autor de numerosas atrocidades, o ditador Lopez esmerou-se em crueldade no “Morticínio de San Fernando”, em agosto de 1868, quando, já em fuga e vendo traidores por toda a parte, julgou-se alvo de uma conspiração e mandou fuzilar, impiedosamente, dois irmãos (Benigno e Venâncio), um cunhado (Badoya), o bispo de Assunção (Palácios) e quatro ministros (Berges, Bruguez, Allen e Barrios), além de numerosas outras pessoas.
Duas irmãs do ditador e sua própria mãe foram encontradas (pelos brasileiros) prisioneiras, debilitadas por maus tratos, a espera de serem entregues a tribunais militares, conforme testemunho do Visconde de Taunay. O embaixador americano em Assunção, Wasburn, indignado, retirou-se do Paraguai, declarando Lopez “inimigo da humanidade”. O verdadeiro genocida. (Cfe. “História do Brasil” do Pe. Galanti, edição de 1905, tomo IV, página 600).
E ainda há quem lamente a morte do “bondoso” ditador, lançando essa culpa sobre o “belicoso” e “sanguinário” Dom Pedro II.
A tanto chega a vilania dos detratores da Pátria!”
(Até aqui o esclarecedor artigo do professor Alfredo Pequeno Arraes de Alencar)

2 comentários:

  1. seria de causar espanto o fato de se encontrar um PESQUISADOR INGLÊS que defendesse o contrário, ou seja, que defedesse ter sido os INGLESES os reais responsáveis pela guerra...

    Se nos dias de hoje eles afirmam e reafirmam que TIVERAM TODOS OS MOTIVOS PARA MATAR JEAN CHARLES assim como para INVADIR O IRAQUE, uma vez que que este país tinha MILHARES de armas biológicas e que a qualquer momento acabariam com a vida no universo, não causaria estranheza se eles afirmassem, inclusive, que apoiaram o PARAGUAI...

    Já os americanos, esses sim têm crédito quando o assunto é guerra.

    Quanto a D pedro, tanto I como o II fizeram coisas muito piores do que essa guerra...mas isso OS BONS BRASILEIROS TALVEZ NÃO CONSIGAM (OU NÃO QUEIRAM) ENXERGAR.

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  2. Tom:
    A verdade é como uma moeda; tem duas faces.
    Não vou entrar no mérito de seus argumentos, pois minha visão histórica é diferente da sua. Mas respeito seu posicionamento embora dele discorde.

    A propósito, já que para você os imperadores Pedro I e Pedro II só fizeram ações más, nomine estas para conhecimento dos leitores.
    Fica o desafio!

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