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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


domingo, 26 de outubro de 2014

No tempo do Tio Filé


1958 - Eleições municipáis no Crato. A residencia do Coronel Filemon Teles, respeitado chefe politico, estava apinhada de eleitores, principalmente aqueles residentes na zona rural do Municipio. Muito deles, depois de cumprido o "dever civico" do voto, já regressavam às suas casas.

Na epoca era bastante comum o eleitor, numa artimanha politica, mormente os residentes nos sitios e povoados, votar uma, duas ou mais vezes, usando titulos de eleitores já falecidos e daqueles que não mais residiam na area do municipio. Verificada a semelhança fisionomica, pois o titulo trazia fotografia, conhecido cabo eleitoral da UDN entrega ao não menos popular Rodrigues jamacaru, um dos titulos fantasmas,com a instrução para votar na seção eleitoral que funcionava, na epoca, no predio da Estatistica .

De posse do titulo, Jamacaru, pressuroso, tenta o voto duplo. Todavia, levou azar, pois na porta da seção estava o Sr. Diomedes Pinheiro, fiscal do PSD e amigo leal do Prof. Pedro Felicio Cavalcante. Ao regressar ao comitê do partido, recebeu nova instrução: Volte e tente dispistar o Sr. Diomedes - disse o cabo eleitoral. Jamacaru, fiel escudeiro do Coronel Filemon, partiu para nova investida. Foi chegando e avisando: corra, seu Diomedes, que a sua esposa caiu no banheiro e quebrou as duas pernas. Como um raio saiu Diomedes Pinheiro, enquanto Rodrigues Jamacaru, tranquilamente, em dose dupla, cumpriu mais uma vez o dever civico do voto.

Ao regressar e contar o episodio,foi observado, a certa distancia, sem ser notado pelo Coronel Filemon - nosso querido tio Filé que, ao final senticiou:

Compadre Rodrigues, voce não fez direito. Não agiu como devia. Era para quebrar uma perna nessa eleição e deixar a outra para a proxima.

Coisas gostodas do nosso folclore politico.

Osvaldo Alves de Sousa.

Um comentário:

  1. Desta epoca ficou a lembrança de politicos que tinham sua posição. Estando ou não no puder. Hoje é um balaio de gato só. Estão todos do mesmo lado. Não existe oposição. Já não se faz politica como antigamento.

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