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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


quarta-feira, 28 de fevereiro de 2024

Linguajar e Sotaques - Por Antonio Morais

Enquanto vivíamos, parcialmente, isolados do mundo e da civilização, sem jornais, radio, televisão, telefone e outras progresseiras, o sotaque permaneceu o mesmo, naquele modo de dizer as coisas, mansa, suave, arrastada e docemente.

Era naquele tempo:

Aquela gostosura de nega, nêguinho, padim, madinha, prumode, pruvia, purriba, purbaixo, nem mode coisa, avexado, disimpaciente, ingrisia, vigemaria, cadê, quêde, entonce, frivioca, xumbregage, preguntar, percurar, currulepo, nojenteza, pendença, sustança, bulandeira, triscado, desmastriado, desapear, arripunar, grunguzado, sarneia, pauta com o diabo, balseiro, bicho da peste, biroba, indagorinha, dernantonte, comer tampado, caquear, versidade, lambança, patuá, lambuja, piloura, quicé, teréns, sobrosso, miunçaia, munganga, batecum, caçuá, tresvariar, mãe do corpo, manquejar, estrupiado, bunda canastra, encangar grilo, impilicança, cumbuca,piar jegue, xilique, cambão, zonzeiras, barbicacho, cangapé, escruvitiar, ingasopar, caritó, cafuné, mandapolão, bralha, sacramentado, derrengado, cassaco, derna que, entramelado, malassombrado, estrupicio, grumitar, marmota, empazinado, entrambicar, desconchavado, estrupicio, grumitar e mil outros termos que dicionarios não registram. 

E não-é-sem-quê-nem-pra-quê, que lembro nosso velho linguajar.Era o varzealegrense autentico, sem miscigenação estrangeira,  de qualquer especie. Língua pura de gente pura.


6 comentários:

  1. PARABÉNS PELA COLETÂNEA. APRENDI MAIS ALGUMAS. BOM DIA.

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  2. Morais,

    Essas palavrinhas, na sua grande maioria, eram as mesmas que a gente usava na Serra Verde, naquele tempo bom de pureza e bondade...

    Falando em bondade você é uma "pessoa sem bondade"... Conhece essa também?

    Mas ó, num vá comer um prato de cacula, senão você enche o bucho até o tolé e fica empanzinado (risos).


    Abraço,

    Claude

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  3. Morais, o meu pai falava um Português "corretíssimo": abrile, mile, expilicar, espicular... Eu amava o português dos meus pais!
    Lá das Bravas!

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  4. Eita MORAIS, é o nosso "rico" e "próprio" vocabulário...
    Achei muito interessante, dias atrás..., você pedia um "adijitoro"...aos amigos.
    Se formos listar..., creio que já dá pra montar um interessante dicionário.

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  5. Amigos.

    Tem um termo que a Claude gosta de usar: Deforete.

    Pode haver nada melhor depois de um almoço de feijão com pão - armar uma rede bem limpinha e tirar um Deforete.

    Acho que o termo deve significar isso, uma soneca.

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