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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Rui e a Rua em Crato - Por Xico Bizerra

Rui precisou andar pelas ruas da cidade grande e tentou fazê-lo da mesma forma como sempre fizera pelas ruas do Crato: devagar, despreocupado, ciceroneado pelo vento que lhe batia à cara, assobiando de quando em vez. Era assim que ele ia, pra cima e pra baixo, do bairro do Pimenta ao Centro, ou do Centro às proximidades da Estação Férrea, na Praça Francisco Sá, onde morava sua filha Bia. Sempre chegava onde se programara chegar, sem sobressaltos, sem assaltos e com os saltos dos seus sapatos inteiros, como saíram de casa. Rui começou a andar pelas ruas da cidade grande, pois pelas calçadas não lhe era possível, por buracos e camelôs, que lhe atrasavam o passo e lhe quebravam os saltos de seus sapatos tão acostumados às calçadas do Crato. Maior sobressalto, o assalto, até então desconhecido, mas inevitável, àquela hora, àquela rua. Restou a Rui a volta pro Crato, às suas ruas e calçadas, ao seu passear tranqüilo, despreocupado. Ganhou de presente o vento que lhe acariciava a face e a paz de constatar ser ainda possível viver.

Um comentário:

  1. Obrigado Xico Bizerra por mais uma cronica para os leitores do nosso Blog do Sanharol.

    Abraços.

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