O Sanharol era um sitio há dois e meio quilómetros da cidade. Hoje um bairro bastante populoso. No final da década de 60 do século passado chegaram os primeiros sinais de progresso: a energia eletrica. Na década de 80 instalou-se um telefone para facilitar a comunicação. E agora mais recente a Enternet.
Está proeza, dedicada a mamãe, aconteceu nos anos 50 quando a família se constituía de quatro pessoas: meu pai, minha mãe, eu e o segundo filho de casal. Pedro.
Tinha a galinha com uma ninhada de frangos, ao todo 21, todos graúdos, as frangas já procurando ninhos pra botar ovos e os frangos já querendo dar uma de galos, portanto no ponto de consumo. Mamãe convidou Raquel, uma moça velha, filha de seu Zezinho, conhecida pela alcunha de Requer para fazer a capação dos frangos. Reuniram os apetrechos: faca, agulha e linha e deram inicio ao serviço. Cabia a mim e ao Pedro pegar os frangos.
De posse do primeiro, a cirurgiã, arrancou as penas, limpou bem o local do corte, fê-lo, introduziu o dedo e começou a procurar os ovos do franco. Depois de algum tempo exclamou: Tonha, esse franco tem os vos muito pequenos e, retirando o primeiro observou que era o coração da ave. O frango bateu asa e morreu.
Raquel ficou desesperada, atribuiu o fato a fase lua, que não era conveniente continuar com o serviço e por fim suspenderam.
Quando meu pai chegou da roça, passou direto para cozinha, cumprimentor minha mãe, lavou as mãos e foi surpreendido com um suculento franco ao molho pardo para o almoço. Minha mãe contou a historia da capação.
No outro dia, ao chegar da roça, papai encontrou um almoço, como se diz lá em nós: d'agua no sal, sem mistura e, naquele jeitão risonho disse: eu vinha era animado pensando que Requer tinha continuado capando os frangos de Tonha.
Morais, ou lua danada! Pois em muntas casas acontecia isso, inclusive na minha. kkkkkkkkkkkk
ResponderExcluirAbraços!
Morais, minha mãe era muito cuidadosa nessas observações, era a cirurgiã de seus franguinhos, não confiava a ninguém essa terefa e não nos ensinou a fazê-la. Talvez já prevendo que não seríamos tão boas quanto ela, todos iriam pra panela que nem o de Tonha.
ResponderExcluirUm abraço.
Não tenha dúvida, tempo onde não existiam meios de sanar uma economia muito irrisória, não existia bolsa renda, vale gás e nem benefício de aposento. Fato que acontecia nas diversas moradias da região e circunvizinhas, só que na minha casa a cirurgiã era a vó do nobre primo Antonio Morais, conhecida por Dona Andrezinha, que por sua vez acontecia os mesmos erros cirúrgicos e a festa continuava saboreando frangos vítimas de má capação. .
ResponderExcluirAntonio, essa é uma singela e linda maneira de você como bom filho,continuar a dizer: Papai e Mãe, eu lhes amo. Quanto ao ato cirúgico, isso continua a acontecer; até mesmo nos grande hospitais-granjas.Tenho loucura, para aprender fazer esse tipo de operação. E na proxima oportunidade que eu tiver, ire até o Sanharol ou São Nicolau, fazer um curso intensivo com uma dessas boas capadeiras. Tinha pavor dessa palavra: d'água no sal...graças a Deus os tempos são outros; mais tudo que passamos, foi necessario para nosso crescimento. Abraço carinhoso e fraterno. Fatima Bezerra.
ResponderExcluirÉ...
ResponderExcluirD. Tonha. Exemplo de mãe dedicada. Conheço-a e muito e lhe quero muito bem.
Nas minhas viagens a Fortaleza, tenho parada obrigatória em sua casa, e agora paro também no comércio do Zé André Neto, meu afilhado. É aquela alegria.
Quanto a essa história de capação, acontece de vez em quando com os home. Ô coisa de mau gosto.
Vôte, sai pra lá.
Lá em casa no Sitio Belmonte, também tinha dessas coisas. Nunca gostei!
Mas quando a cirurgiã errava, todos gostavam e o pobre frango virava galinha à cabidela.
Vicente Almeida
Antonio Alves de Morais
ResponderExcluirEsse é nome de escritor de gente que sabe o que diz quando o assunto é falar da nossa gente, é esse, o Antonio Morais que eu gosto e que faço questão de preservar por que sei do que é capaz quando resolver tornar público esses interessantes casos que só o vale do machado é capaz de produzir.
Pura literatura, parabéns!
POR DIVERSAS VEZES VI O MEU PRIMO ALUÍZIO LAURENTINO CASTRAR PORCOS. ELE APERTAVA BEM OS TESTÍCULOS DOS COITADOS E COM UMA FACA BEM AMOLADINHA, E AQUECIDA,FAZIA O CORTE, RETIRAVA O CONTEÚDO E COSTURAVA COM LINHA ZERO. MAS FRANCO, SÓ AGORA, QUANDO ESTOU PRÓXIMO DOS 56 ANOS DE IDADE, FIQUEI SABENDO. SÁBIO DITADO: É VIVENDO E APRENDENDO. PARABÉNS MORAIS.
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