A minha infância, como a de todos os do meu tempo, foi muito difícil, de muitas dificuldades. Famílias constituídas de muitos filhos, 08, 09,10 ou mais meninos e meninas. Renda familiar nenhuma. O chefe da família vivia da agricultura arcaica, da produção de arroz, milho, feijão e algodão. Nos anos de chuvas colhia-se legumes que não tinham valor no mergado devido a grande oferta, já nos anos ruins de inverno faltava de tudo.
Era previsível para 1970 uma grande seca, o que acabou por se confirmar. Restava ao homem do campo o amparo escasso e oportunista do governo. Criavam-se frentes de serviços, alistavam-se pessoas e se engenhavam alguns afazeres como recuperação de estradas vicinais, construção de barreiros ou pequenos açudes, de modo a socorrer paliativamente os alistados conhecidos e chamados desrespeitosamente de "cassacos".
Assim é que o meu amigo Joaquim Mendes do Iputy, pai de uma reca de 15 meninos e meninas, enfrentou os dias difíceis daquela seca. Um dia, Joaquim resolveu se desfazer de um bode de estimação para com a renda comprar alguns mantimentos. Abateu o bode e vendeu por quilos na ribeira. Dias depois resolveu ir vender o couro do bode ao comerciante Raimundo Silvino.
De passagem por uma turma de trabalhadores ou cassacos da recuperação de uma estrada, os mesmos resolveram zuar com o Joaquim. Disse-lhe um deles, Joaquim vai vender o couro do bode? Sim, estou indo vender. Eu lhe compro, dou-lhe 1 real.
Joaquim Mendes coçou o cangote e respondeu em cima da bucha: Amigo, eu estou vendendo o couro de um bode que pesou 40 quilos, não é o couro de um "CASSACO" não! - Quem tentou zuar saiu zuado.
De passagem por uma turma de trabalhadores ou cassacos da recuperação de uma estrada, os mesmos resolveram zuar com o Joaquim. Disse-lhe um deles, Joaquim vai vender o couro do bode? Sim, estou indo vender. Eu lhe compro, dou-lhe 1 real.
Joaquim Mendes coçou o cangote e respondeu em cima da bucha: Amigo, eu estou vendendo o couro de um bode que pesou 40 quilos, não é o couro de um "CASSACO" não! - Quem tentou zuar saiu zuado.
Joaquim Mendes, primo do meu pai e na verdade eram verdadeiros amigos. Certa vez o senhor pergunta a meu pai, onde fica o comércio de Joaquim Mendes???, Meu paio num gesto de humor disse: olhe, você indo aqui pela pista que vai para Lavras da Mangabeira, ao passar nas quatro bocas, onde ficava o engenho velho, a esquerda tem um quartinho você pode passar com uma velocidade de 140 kms, com certeza dar para fazer a contagem do estoque e toda contabilidade do estabelecimento.
ResponderExcluirEle tinha e ainda tem uma grande intriga com feijão com pão. Um cidadão Perguntou Joaquim tu gostas de feijão com pão????, Ele respondeu: depende!!!!, Se for com quilômetro e meu de lingüiça eu posso até comer para não senti o gosto do milho e do feijão.
João Bitu.
ResponderExcluirUm dia recebi o Joaquim Mendes em nossa casa do Crato.
Chegamos a mesa tinha um apetitoso bolo de puba e uma garrafa de café; Joaquim se abancou e mandou brasa. Quando acabou o bolo, olhou pra mim e disse: Antonio, um bolo desse eu como até furar a "Triagem".
EU ESPERO QUE MORAIS POSSA NOS PASSAR QUAL A RAZÃO POIS NESSA POSTAGEM AINDA NÃO FOI. QUAL A RAZÃO DOS TRABALHADORES DAS FRENTES DE EMERGÊNCIA SEREM CHAMADOS PELA ALCUNHA DE CASSACOS?
ResponderExcluirO CASSACO ONTÕE FRIMINO
ResponderExcluirQuando é seca no nordeste
É mais pio qui feitiço
Pruquê o Cabra da Peste
Vai pra frente de seiviço.
Mealembro cuma vortei,
Quando na frente cheguei
Pru mode me alista.
O qui o feitô inzigiu,
Num tem ome no Brasil
Qui consiga arranjá.
Fui falá cum o feitô
Ele nem oiô pra mim,
Cum a voz de ditadô
Foi logo dizendo assim:
- Não ache que sou ridículo
Mas me traga o seu currículo
Para poder se alistar.
O anel de formatura,
Diploma de arquitetura,
Você tem que apresentar.
Traga uma folha corrida
Do poder judiciário,
Um atestado de vida
Com o visto do vigário.
Carteira de identidade,
Canudo da faculdade
E o anel de doutor.
Depois vá no C.P.D.
Para provar que você
Conhece o computador.
Traga do sul ou do norte
Sua naturalidade,
Quero vê seu passaporte
Se ainda tem validade.
Não esqueça de trazer,
Depois que reconhecer
A firma do batistério.
Traga o óbito carimbado,
De quando foi enterrado
Seu avô no cemitério.
Traga do seu nascimento
Comprovante de batismo,
Certidão de casamento
E o curso do catecismo.
Para fazer seu fichário,
Preciso do formulário
Do seu imposto de renda.
Para saber se é honesto,
Se não tem nenhum protesto
Pendurado na fazenda.
Também quero de você
Documentação total,
Da carta de A.B.C.
Até o segundo grau.
Coloque também na lista,
Carteira de reservista
Do serviço militar.
O título de eleitor,
Carteira de doador
Que eu preciso arquivar.
Foi quando eu dixe: - Dotô!
Tô aqui mode iscapá,
Sou ome trabaiadô
Num gosto de cunvesá.
Eu nunca qui fui casado,
Sempre fui amansebado
E nunca fui aiquiteto.
Mais sou um cassaco forte,
Nun cunhêço passaporte
Pruquê sou anafabeto.
Eu intendo de fazenda
Pruquê tem lá na rebêra,
Mais só intendo de renda
Qui fais a muié rendêra.
Vosmicê pede um ané,
Uma ruma de papé
E nem fala na inxada.
Lá im nóis é deferente,
O trabái é no sol quente
Sem cunhecê papelada.
Vosmicê me pede carta
Mais eu num sei iscrevê,
Do sabe eu sinto farta
Pois num aprindí a lê.
Meu tito de inleitô,
Um candidato tomô
Pruquê num sube votá.
Eessa tá de reservista,
É mió tira da lista
Qui eu num sô militá.
Num cunhêço C.P.D.
Nem tombém cumputadô,
Mais eu juro a vosmicê
Qui sou um trabaiadô.
Meu nome é Ontõe Frimino,
Derna o tempo de minino
E nunca qui dei cavaco.
Mais vortando pru assunto,
Eu agora lhe pregunto
Dá prumode eu sê cassaco?
Eu não sei de onde vem o nome cassaco,mas sei que o cassaco homem é um sofredor.
Mundim do Vale.
Os nordestinos humildes, geralmente são cordatos, não costumam reagir as maldades e preconceitos que recebem. Veja neste caso, alem de humilhados pela natureza com a falta de inverno, nas frentes de trabalho era tratado como um animal qualquer. Fica o pedido de esclarecimento: por que Cassaco?
ResponderExcluirMorais, nao sei se estou certo,mas para mim este nome de Cassaco,e mais antigo,ou seja ja existia antes de 1970.
ResponderExcluirÉ verdade Geraldo. Em 1932 os varzealegrense trabalhavam na famosa Barragem de Lima Campos, localidade conhecida a època por Estreito. E, os trabalhadores já recebiam essa denominação degradante.
ResponderExcluirNA ENTRADA DA CIDADE DE PIANCÓ-PB, TEM UM MONUMENTO EM HOMENAGEM AOS CASSACOS. MUITO BONITO E OPORTUNO. RETRATA A HISTÓRIA DE UMA FAMÍLIA MIGRANTE.
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