DE POETA PRA POETA - Por Bidim e Mundim.

QUANDO MUNDO VEIO PRESTAR
EU JÁ NÃO PRESTAVA MAIS.

Nos dias da minha infância
Apesar de haver virtude,
Educação e saúde
Estavam a grande distância.
A maior ignorãncia
Trilhava os meios rurais,
Até pelas capitais
Poucos podiam estudar.
QUANDO O MUNDO VEIO PRESTAR
EU JÁ NÃO PRESTAVA MAIS.

Hoje alguns trabalhadores
Mesmo sendo analfabetos
Entre seus filhos e netos
Surgem padres e doutores,
Ministro e senadores,
Coronéis e generais.
Escola e hospitais
Se encontra em qualquer lugar.
QUANDO O MUNDO VEIO PRESTAR
EU JÁ NÃO PRESTAVA MAIS.

Não exestia transportes
Por não exestir estradas
Já hoje existe asfaltadas
Ligando o sul com o norte.
Os carros de qualquer porte
Leva o viajante e trás,
Transportam gêneros e metais
E os aviões cruzam o ar.
QUANDO O MUNDO VEIO PRESTAR
EU JÁ NÃO PRESTAVA MAIS.

Hoje muitos lavradores
Já não utilizam enxadas,
Por ser as terras tombadas
Por girico ou tratores.
Ou por os cultivadores
Utilizando animais,
Venenos pros vegetais
E máquinas pra semear.
QUANDO O MUNDO VEIO PRESTAR
EU JÁ NÃO PRESTAVA MAIS.

Raimundo Lucas Bidinho
Várzea Alegre, 29 de janeiro 1997.


SE NÃO PRESTOU NO PASSADO
HOJE É QUE O MUNDO NÃO PRESTA.

O bom poeta bidinho
Diz que o mundo melhorou,
Mas o vate se enganou
Porque o mundo é mesquinho.
Não mudou nem um poquinho
Isto ninguém me contesta,
Na minha rima modesta
Não sou de ficar calado.
SE NÃO PRESTOU NO PASSADO
HOJE É QUE O MUNDO NÃO PRESTA.

Se morria o cidadão
No punhal do cangaceiro,
Hoje morre um grupo inteiro
Na queda de um avião.
Se exestiu lampião
Que a lembrança ainda resta,
Hoje o bandido faz festa
Porque tem advogado.
SE NÃO PRESTOU NO PASSADO
HOJE É QUE O MUNDO NÃO PRESTA.

Hoje tem mais faculdade
E melhorou a escola,
Mas o crime se atola
Na lama da impunidade.
Mentira, chuta a verdade
E a violência se emfesta,
A vida fica funesta
Nesse mundo alienado
SE NÃO PRESTOU NO PASSADO
HOJE É QUE O MUNDO NÃO PRESTA.

Não quero contrariar
O meu amigo poeta,
Mas pra coisa ser completa
Vai ter muito que mudar.
O Ibama cancelar
A queimada da floresta,
Pra voltar aquela orquesta
De passarinho afinado.
SE NÃO PRESTOU NO PASSADO
HOJE É QUE O MUNDO NÃO PRESTA.

Raimundinho Piau
Fortaleza, 30/04/97