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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

OURO BRANCO - Por Mundim do Vale


OURO BRANCO, era como chamavam o algodão nas décadas de 50 e 60.
Eu fui testemunha dos benefícios trazidos por aquela cultura. Principalmente para nós nordestinos. Ganhava o governo com as divisas geradas pelos impostos de importação, ganhava os usineiros com o beneficiamento do algodão e seus derivados, como o resíduo, o óleo, o sabão e outros mais. Ganhavam os agricultores, que com poucas arroubas vendida, cercavam a propriedade, faziam cacimbões e compravam algumas cabeças de gado. Ganhavam os colhedores que trabalhavam ganhando por quilo colhido.
Na nossa pequena Várzea Alegre, o comércio estendia o crédito de janeiro a agosto aos agricultores, para receber depois da colheita. E é bom que se diga que não tinha nenhuma alteração no valor, em virtude de não haver inflação.
Era o ouro branco que garantia aos nossos conterrâneos dos sítios:
Uma roupa nova, um calçado, a esmola de São Raimundo, a cerveja gelada na barraca de Bié e a sopa no café de Domicília.
O jornal Correio do Ceará estampou uma vez na sua primeira página a seguinte matéria. “ Em Iguatu o agricultor Chagas Neves, colheu na sua primeira apanha 16 mil arroubas de algodão.”
Respeitando as devidas proporções, foi naqueles anos que a paróquia de várzea Alegre, recolheu mais esmolas para o padroeiro.
Mesmo com as poucas e distantes faculdades da época, foi graças ao ouro branco, que alguns dos nossos conterrâneos formaram se nos mais diversos cursos.
A colheita de algodão era uma festa, as crianças participavam sem nenhum compromisso de trabalho, eles catavam o algodão mais baixo, para assim pouparem as colunas dos mais idosos.
Se aquela cultura tivesse continuado como foi um tempo, a história do nordeste hoje seria contada diferente.
Há quem diga que os benefícios advindos do governo como: Bolsa família, aposentadoria por idade e outros mais, vieram para compensar a falta do ouro branco. Perdoem-me os que assim raciocinam, Mas eu não concordo pelos motivos a saber:

. O ouro branco beneficiava ocupando.
. O governo beneficia desocupando.

Dedicado a Flor da Serra, filha e neta de agricultores e usineiros do ouro branco.

Nota do autor;
Para que não pareça que eu sou o dono da razão, disponibilizo o espaço abaixo para comentários e até debate se for o caso.
Abraços.
Mundim do Vale.

6 comentários:

  1. Prezado Mundim.

    Sua memoria prodigiosa trata de uma epoca importante para os nordestinos. Do algodão se tirava os sustentos da familia. Como você fala, era a garantia de fornecimento de numerario o ano todo. Desde a plantação, roço, e colheita. Lavoura de produção permanente, as roças iam se juntando as dos anos posteriores e, formavam as conhecidas capoeiras, as terras mais ferteis prodiziam por 10 ou mais anos para que se renovasse a plantação.
    Parabens pela postagem.

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  2. Pois é Mundim.
    Eu transportei muito o ouro branco.
    parabéns pela lembrança,
    Abraço do mameluco.

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  3. Mundim,

    Eu sou testemunha na época do ouro branco,o meu pai foi corretor de algodão,eu transportei de Fortaleza, junto com Antonio Rolim, um saco de dinheiro cheio até a boca, em um fusquinha para V.Alegre.Esse dinheiro o meu pai comercializou com algodão num fim de semana.Pra voce saber.Na safra de 1974 o meu pai teve um lucro de algodão que ele comprou um Dodge Dart,Volks,terreno no Caipu e uma casa em Fortaleza.Concordo com voce,que o Ouro Branco,empregava,e o Bolsa Familia,desemprega.

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  4. Prezado Mundim.Eu vivenciei esse período maravilhoso pois meu pai negociava com algodão,e era bom e rentável para todos.Papai vendia para as usinas do Crato,e era uma época em que havia muita fartura.Não existiam as ajudas governamentais tipo aposento, bolsa escola e mesmo assim o que se via eram agricultores felizes, armazéns cheios de legumes,e dinheiro sobrando,infelizmente o bicudo surgiu e tudo piorou.Bela recordação,parabéns.

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  5. Mag. Fogo perto de algodão, é como moça nova perto de rapaz novo.
    O Diabo vem e assopra.

    Danúbio e Teopeiro.
    Os comentários de vocês é como um complemento da minha postagem.

    Rolim e Morais.
    Que bom que nós não vamos para o confronto, suas opiniões são iguais as minhas.

    Abraços sem bicudo de algodão.
    Raimundinho.

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  6. seu mundim,concordo plenamente com a sua postagem,tudo de bom.

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