ALUCINAÇÃO
- Eu a vi muito bem, doutor! E não é invenção minha não! Ela vinha em nossa direção, girando que nem disco voador e fazendo um barulho irritante. O meu filhinho sempre se assusta com a cena. - Fala chorando, a mãe, em pânico. - Calma, minha senhora! Não precisa chorar tanto assim. Eu acredito no que você me diz.
Maria do Socorro era uma jovem mulher, recém-casada, moradora num pequeno sítio nas redondezas de uma pequena cidade do interior cearense. Era dócil, trabalhadeira, e amava muito o seu esposo Miguel, que gostava de tomar umas e outras nas bodegas da vizinhança, nas tardes de domingo.
Certa vez, sente grande crise nervosa, tendo de ser socorrida na emergência de um pequeno hospital. O médico, após exame minucioso do quadro clínico e da história pessoal e familiar da paciente, informa aos seus familiares que esta necessita de uma consulta psiquiátrica urgente, pois em sua avaliação preliminar desconfia que ela esteja tendo alucinações visuais e auditivas, o que caracteriza um quadro psicótico, ou seja, sintomas de loucura.
Os familiares, em pânico, decidem abraçar a causa, já que o descompromissado Miguel não tem a menor intenção de tratar da sua esposa. Só pensa nele e em seus amigos de farra. Acha que marido tem, apenas, que cuidar do trabalho braçal e colocar alimentos dentro de casa. É um machista genético e fenotipicamente atualizado.
Auxiliadora, irmã mais velha da enferma, separada e sem filhos, resolve utilizar as suas parcas economias para ajudar a caçula do lar dos Oliveira. Aluga um carro de praça e embarca rumo a um especialista das faculdades mentais.
- A sorte está lançada. Tia Zefa tinha problemas mentais, enfatiza Dorinha. - Vovó não batia bem da bola. Os primos que estão no Mato Grosso veem lobisomem dia de Sexta-feira e eu não durmo nem tomando calmante. Resta-nos, apenas, aguardar a avaliação do psiquiatra.
Finalmente, a hora é chegada. Éramos o terceiro da fila. Os outros dois pareciam estar no mundo da lua. Ao entrar naquela pequena sala senti uma frieza correr na espinhela. O que o médico nos tinha a dizer eu já imaginava saber, daí a minha ansiedade.
- Conte-me como tudo vem acontecendo... - indaga o doutor. Maria do Socorro inicia o seu relato. – É que eu estou sofrendo muito. Cozinho, lavo, passo e cuido de uma criança de colo. E todo domingo, por volta das cinco horas da tarde, que é a hora de dar banho no meu filhinho, eu vejo a mesma cena se repetir, e ninguém acredita em mim, como o senhor já sabe. O médico retruca: - O que eu não entendo, é a senhora ter estas crises de alucinações sempre no mesmo dia da semana e no mesmo horário...
Finalmente, Maria do Socorro se sente mais confiante e diz: - É que esta é a hora, que o Miguel chega bêbado em casa. E quando eu o enfrento com palavras duras ele reage, costumeiramente, da mesma forma comigo. – Como assim? - Pergunta o esculápio, interessado.
- Ele parte para me agredir. E ao tentar fugir com o meu filho, o safado dá um bicão na bacia cheia de água ensaboada com um coturno de soldado de polícia no pé, vindo esta rodando e zunindo na minha direção feito um objeto voador não identificado. Aí eu vejo!
- Eu a vi muito bem, doutor! E não é invenção minha não! Ela vinha em nossa direção, girando que nem disco voador e fazendo um barulho irritante. O meu filhinho sempre se assusta com a cena. - Fala chorando, a mãe, em pânico. - Calma, minha senhora! Não precisa chorar tanto assim. Eu acredito no que você me diz.
Maria do Socorro era uma jovem mulher, recém-casada, moradora num pequeno sítio nas redondezas de uma pequena cidade do interior cearense. Era dócil, trabalhadeira, e amava muito o seu esposo Miguel, que gostava de tomar umas e outras nas bodegas da vizinhança, nas tardes de domingo.
Certa vez, sente grande crise nervosa, tendo de ser socorrida na emergência de um pequeno hospital. O médico, após exame minucioso do quadro clínico e da história pessoal e familiar da paciente, informa aos seus familiares que esta necessita de uma consulta psiquiátrica urgente, pois em sua avaliação preliminar desconfia que ela esteja tendo alucinações visuais e auditivas, o que caracteriza um quadro psicótico, ou seja, sintomas de loucura.
Os familiares, em pânico, decidem abraçar a causa, já que o descompromissado Miguel não tem a menor intenção de tratar da sua esposa. Só pensa nele e em seus amigos de farra. Acha que marido tem, apenas, que cuidar do trabalho braçal e colocar alimentos dentro de casa. É um machista genético e fenotipicamente atualizado.
Auxiliadora, irmã mais velha da enferma, separada e sem filhos, resolve utilizar as suas parcas economias para ajudar a caçula do lar dos Oliveira. Aluga um carro de praça e embarca rumo a um especialista das faculdades mentais.
- A sorte está lançada. Tia Zefa tinha problemas mentais, enfatiza Dorinha. - Vovó não batia bem da bola. Os primos que estão no Mato Grosso veem lobisomem dia de Sexta-feira e eu não durmo nem tomando calmante. Resta-nos, apenas, aguardar a avaliação do psiquiatra.
Finalmente, a hora é chegada. Éramos o terceiro da fila. Os outros dois pareciam estar no mundo da lua. Ao entrar naquela pequena sala senti uma frieza correr na espinhela. O que o médico nos tinha a dizer eu já imaginava saber, daí a minha ansiedade.
- Conte-me como tudo vem acontecendo... - indaga o doutor. Maria do Socorro inicia o seu relato. – É que eu estou sofrendo muito. Cozinho, lavo, passo e cuido de uma criança de colo. E todo domingo, por volta das cinco horas da tarde, que é a hora de dar banho no meu filhinho, eu vejo a mesma cena se repetir, e ninguém acredita em mim, como o senhor já sabe. O médico retruca: - O que eu não entendo, é a senhora ter estas crises de alucinações sempre no mesmo dia da semana e no mesmo horário...
Finalmente, Maria do Socorro se sente mais confiante e diz: - É que esta é a hora, que o Miguel chega bêbado em casa. E quando eu o enfrento com palavras duras ele reage, costumeiramente, da mesma forma comigo. – Como assim? - Pergunta o esculápio, interessado.
- Ele parte para me agredir. E ao tentar fugir com o meu filho, o safado dá um bicão na bacia cheia de água ensaboada com um coturno de soldado de polícia no pé, vindo esta rodando e zunindo na minha direção feito um objeto voador não identificado. Aí eu vejo!
Dr. Sávio Pinheiro
ResponderExcluirVisão perfeita de um disco voador. fiquei pensando, será que essa visão de D. Maria do Socorro não explica o fato de a Elba Ramalho também, ter esse tipo de visão...
Dr Savio.
ResponderExcluirO que um marido ruim não é capaz de fazer. A pobre mulher chegou a ver disco voador. Uma historia muito boa. Ri muito.
Ri bastante.Sera piada ou fato real?independente disso e muito engraçado.
ResponderExcluirImpressionante e bem bolado conto.
ResponderExcluirComo sempre Dr. Sávio. Você é dez.
Eita! Poivinha,
ResponderExcluirVocê é bom no causo, na rima e na medicina.
Estou esperando outra peleja daquelas.
Abraço poético.