Dia 21, agora, celebram-se os 220 anos da morte de Tiradentes. Mas com o passar dos anos a imagem do herói supremo da nação anda meio crestada. Um tiro certeiro foi disparado pelo grande historiador José Murilo de Carvalho, que, em seu livro “A formação das almas”, no capítulo “Tiradentes: um herói para a República”, mostra como o mito Tiradentes foi construído pela propaganda republicana. A República, que chegou ao poder sem muito apelo popular, teve dificuldade de construir um herói. Tentou sem sucesso Deodoro, Benjamin Constant e Floriano Peixoto. Terminou tendo êxito apelando para Tiradentes.
Zé Murilo lembra que em torno do personagem histórico de Tiradentes houve e continua a haver intensa batalha historiográfica. “Até hoje se disputa sobre seu verdadeiro papel na Inconfidência, sobre sua personalidade, sobre suas convicções e sobre até sua aparência física.” Como não existia qualquer retrato feito por quem o tivesse conhecido pessoalmente, foi retratado de barbas, uma figura que lembra, como cantou Castro Alves, Jesus.
Kenneth Maxwell, historiador britânico e autor do livraço “A devassa da devassa — A Inconfidência Mineira: Brasil e Portugal 1750-1808”, diz que quando escreveu o livro deixou de lado a mitologia de Tiradentes “bem relatada por José Murilo em seu belo trabalho”. Segundo ele, Tiradentes era de fato um admirador da independência dos EUA, um republicano, nacionalista e também um homem de ação. “Mas não era, na minha opinião, o mais importante conjurado em Minas na época, em comparação com homens abastados, e com experiência internacional, como Cláudio Manuel da Costa e Tomas Antônio Gonzaga, por exemplo.”
Já mestre Boris Fausto diz que Tiradentes foi, na sua opinião, “um dos poucos heróis de nossa História, sem falar e sem fazer demagogia, e do povo brasileiro. Diz que gosta muito da obra do Zé Murilo, “mas ele tem um viés com relação à República”. Boris reconhece que o culto de Tiradentes surgiu entre os republicanos: “Mas sua imagem, em compensação, foi abafada pela monarquia, porque D. Maria, chamada A Louca, responsável ostensiva pela aplicação da pena de morte ao alferes, era ancestral de nossos imperadores.”
Convidado a entrar no debate, o pernambucano Evaldo Cabral de Mello se esquivou. “Tiradentes era uma figura simpática, simples, considerado um santo, uma Santa Teresinha, e com santo não se discute.”
Pois é Armando.
ResponderExcluirO filme sobre o Lula é tão mentiroso que o povo não foi ver nos cinemas.
Quem sabe daqui a 200 anos consiga enganar os da época?