As famílias brasileiras já estão endividadas demais ou não? Dependendo do indicador, a situação parece tranquila, e, mais do que isso, com grande espaço para crescer.
Mesmo assim, é preciso lembrar o que já foi dito neste espaço: o comprometimento da renda das famílias já está alto, no Brasil o dinheiro é muito caro, e o ritmo de crescimento da inadimplência está acelerado.
O volume de créditos em atraso na economia brasileira — como um todo, somando-se o crédito de pessoa física e o das empresas — cresceu 35,5% nos últimos 12 meses até abril. Saiu de R$ 58 bilhões para R$ 79 bilhões, de acordo com dados divulgados pelo Banco Central na sexta-feira.
Esse volume mostra o total de empréstimo sem pagamento há mais de 90 dias. De janeiro a abril, a alta é de 8,8% em relação ao mesmo período de 2011. O problema é principalmente o ritmo do crescimento do atraso. O crédito cresce a 18% ao ano, mas os atrasos cresceram a 35%.
A provisão que os bancos têm que fazer para o chamado crédito podre, que tem inadimplência acima de 180 dias, subiu 24% nos 12 meses até abril e atingiu R$ 67 bilhões. De janeiro a abril, a alta é de 4%.
Há muita confusão sobre os números de endividamento, em parte porque no Brasil até recentemente o crédito era tão baixo que nem era rotina acompanhar a evolução dos indicadores.
Há vários ângulos pelos quais se pode avaliar o endividamento, pegando-se, por exemplo, só a dívida das famílias. Se for como percentual do PIB, no Brasil é 23%. Deve ter sido a esse indicador que o ministro Guido Mantega se referiu quando disse à “Folha de S.Paulo” que não se deveria preocupar com isso.
Outro indicador também de estoque da dívida mostra o Brasil numa situação muito favorável. Se for comparado o total dos débitos bancários das famílias com o que elas têm de renda em um ano dá 42,9% no Brasil.
Isso engana, porque evidentemente ninguém vai pagar a dívida inteira, financiada em vários anos, com a renda integral de um ano.
Na verdade os brasileiros nunca deveram tanto.
ResponderExcluirSe houver qualquer mudança na economia a situação ficará insustentavel. Vamos torcer que não haja.