Mundim:
Dr. Sávio se oriente
Que você não dá no couro,
Não venha com desafouro
Que a boca aqui é quente.
Sou seguro no repente,
Na oitava, no quadrão,
Na gemedeira, mourão
E galope a beira mar.
NÃO É BOM DESAFIAR
SEM CONHECER O SERTÃO.
Sávio:
Mundim deixe de besteira
Que eu sou fera em poesia,
Na minha academia
Desafiei o Moreira.
Já provoquei Zé Limeira
Com aquele seu linguajar,
Rimando sem respeitar
A turma das profissão.
CONHEÇO BEM O SERTÃO
E ACHO BOM DESAFIAR.
Mundim:
Nunca ví no seu repente
Uma queima de caieira,
Com aquela cabroeira
Toda tomando aguardente.
Não fala do penitente
Na auto-fragelação,
Que o sangue sem contenção
Desce até o calcanhar.
NÃO É BOM DESAFIAR
SEM CONHECER O SERTÃO.
Sávio:
Eu já ví uma farinhada
E já provei do beiju,
Ví de perto o caititu
E arranjei namorada.
A moça era tão prendada
Que não deixava eu beijar,
Quando eu tentava abraçar
Ela dava um beliscão.
CONHEÇO BEM O SERTÃO
E ACHO BOM DESAFIAR.
Mundim:
Você que ser mais que eu
Mas é poeta de praça,
Nunca pegou na cabaça
Nem uma enchada, bateu.
Eu sei que não aprendeu
A rimar um capitão,
Feito com feijão com pão
Sem carne pra misturar.
NÃO É BOM DESAFIAR
SEM CONHECER O SERTÃO.
Sávio:
Você tá equivocado
Querendo ser inimigo,
O sertão foi meu abrigo
Lá no Vale do Machado.
Foi lá que fui batizado,
Que aprendí a rimar,
Para hohe encarar
Um poeta fanfarrão.
CONHEÇO BEM O SERTÃO
E ACHO BOM DESAFIAR.
Mundim:
Vate metropolitano
Vá tartar de curar gente,
Que aqui o nosso repente
É todo provinciano.
Nosso verso é suburbano
Colhido aqui dese chão,
Como quermesse e leilão
Aqui do nosso lugar.
NÃO É BOM DESAFIAR
SEM CONHECRE O SERTÃO
Sávio:
Me formei em medicina
Mas gosto dessa cultura,
Passo dois dias na cura
E passo dois na esquina.
A viola só afina
Se tiver com quem brigar,
Podem até reencarnar
O bandido Lampião.
CONHEÇO BEM O SERTÃO
E ACHO BOM DESAFIAR.
Mundim:
Tá afinada a viola
Mas é ruim o cantador,
De certo o seu professor
Não lhe ensinou na escola.
Vou lhe dar uma esmola
Mas é somente um tostão,
Não deixe cair no chão
Que você vai precisar.
NÃO É BOM DESAFIAR
SEM CONHECER O SERTÃO.
Sávio:
O sertão é meu e seu
Sei que você sdabe disso,
Se você tem compromisso
Sabe do esforço meu.
Só que o poeta esqueceu
Que deixou o seu lugar,
Pra morar perto do mar
Na mais completa omissão.
CONHEÇO BEM O SERTÃO
E ACHO BOM DESAFIAR.
Leitor do blogdosanharol é privilegiado em saborear do talento de dois grandes poetas Mundim e Sávio! Prefiro ficar na arquibancada!
ResponderExcluirDOIS GRANDES POETAS QUE SEMPRE SE DESTACAM NO BLOG COM SUAS BELISSIMAS POESIAS, ESSA SÓ FALTOU QUEBRAR A VIOLA. GOSTEI MUITO PARABENS.
ResponderExcluirOliveira:
ResponderExcluirMesmo que alguém se gabe
Dos tempos da juventude
Mas, falar dessa virtude
Somente o poeta sabe
Embora o peito desabe
Trespassado pelas lanças
Da falta de esperança
Sem carinho e sem meiguice
Dos tempos da meninice
Ainda tenho Lembranças
Bidim:
Tão inocente eu dormia
Num leito tão pequenino
mamãe doce amor divino
Me beijava e me cobria
Pertinho de mim vivia
Com amor, com esperança
Já hoje minha alma cansa
Na estrada da velhice
Dos tempos da meninice
Ainda tenho lembranças.