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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


quinta-feira, 7 de junho de 2012

Padre Artur Redondo S.J -- outro santo que viveu em Crato (Por Armando Rafael)


   
Faz muito anos, a primeira vez que ouvi falar no padre Arthur Emilio Azevedo Redondo, S.J. Foi quando li uma nota – publicada num jornal de Crato – na qual a freira Irmã Costa, da Congregação das Filhas de Santa Teresa, já falecida, agradecia a cura de uma enfermidade irreversível nos olhos dela, graça alcançada por intercessão do Padre Redondo. O médico desenganara a religiosa e anunciara a cegueira para sua visão. Ela não se abalou. Pediu a Deus, tendo como intercessor o Padre Redondo, que tal desgraça não acontecesse. E morreu velhinha, mas enxergando.

Tempos depois, passando por uma rua do bairro Parque Recreio, na cidade de Crato, li numa placa: Rua Padre Redondo. Soube que o sacerdote vivera alguns meses nesta cidade, como diretor espiritual do Seminário São José. Passagem rápida, mas que – semelhante a um meteoro – deixara um rastro luminoso em Crato, mercê suas virtudes de que era dotado.

No início desta semana recebi de um irmão residente em Fortaleza, o livro “Padre Artur Redondo–Um modelo de mansidão e amor a Deus”, escrito por Vinicius Barros Leal. Graças a este livro fiquei sabendo que o sacerdote jesuíta viveu e morreu – entre 1916 e 1966 --, na cidade serrana de Baturité, aonde seus restos mortais encontram-se sepultados. Para sua sepultura acorrem centenas de fiéis, a fim de agradecer as mais diversas graças alcançadas. Já se estuda – na Arquidiocese de Fortaleza – a abertura de um pedido do processo para beatificação do Padre Redondo.

Português de nascimento, Padre Redondo – segundo Vinicius Barros Leal – nasceu na Vila Nova de Foscoa, situada à margem do Rio Douro, a 27 de junho de 1873. Passou a infância no arquipélago de Açores e após concluir os estudos em seminários portugueses foi ordenado sacerdote no dia 19 de janeiro de 1896, aos 23 anos de idade. Pouco tempo depois entrou para a Companhia de Jesus. Trabalhou em Lisboa e em 1906 foi enviado para a Inglaterra. Retornou a Portugal em 1910, mas a República recém proclamada expulsou todos os jesuítas daquela nação. Padre Redondo ficou exilado na Espanha até 1925, quando seus superiores o mandaram para o Brasil.
Na nossa pátria atuou inicialmente em Salvador da Bahia e Ubá, em Minas Gerais. Em 1926 foi transferido para Baturité, Ceará, onde permaneceu durante 40 anos, até sua morte, com exceção de rápidos intervalos quando morou em São Luís do Maranhão, Fortaleza, Aracati e Crato.

Sobre o padre Redondo assim escreveu o padre Monteiro da Cruz, S.J.: “O Padre Redondo, em vida fez muitas graças extraordinárias. Deu vista a uma cega e deu vida a um morto, contaram-me. A sua vida era a presença de Deus. Diante dele não era preciso crer: via-se um crucificado com Cristo. Alegre e acolhedor. Nunca o vi falar mal de alguém. O seu silêncio tinha a luz de oração ininterrupta. Que majestade sacerdotal e que simplicidade de criança quando celebrava o Santo Sacrifício da Missa! Lembro-me de ter-lhe dado a Comunhão, e em profunda reverência, ao dizer-lhe: “O corpo de Cristo”, respondeu-me: “Creio”. Era um santo!”.

Texto e postagem de Armando Lopes Rafael

3 comentários:

  1. O final do livro de Vinicius Barros Leal termina assim:

    “Mesmo depois de ter deixado esta vida terrena continuou (padre Redondo) iluminando o caminho de muitos, segurando as nossas mãos, e fazendo-nos perceber o que nos foge e que nos parece invisível e distante(...) Pleno de méritos, terminou sua longa vida no humilde aposento da Escola Apostólica de Baturité, cercado pelos companheiros e amigos aos quais serviu e edificou por tantos anos (...) Foi um modelo de mansidão e desapego. Sua única ambição era Cristo-Jesus, e deu suficientes provas disso”.

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  2. Do padre Francisco Roserlândio, diretor do Departamento Historico Diocesano Padre Gomes--DHDPG, recebi o e-mail abaixo:

    "Caro Armando, bom dia.
    Veja abaixo o que encontrei nos manuscritos "Anotações de Leonardo Mota - Livro nº 4 - (corresponde às pags. 73 a 80 do escrito originalmente).

    Apontamentos biográficos de sacerdotes ora residentes na Diocese."
    Os manuscritos fazem parte do acervo do DHDPG.


    'Pe. Artur Redondo(?) – nasceu em Portugal (Fóscoa), a 27 de junho de 1873. Iniciou o seu noviciado na Companhia de Jesus, a 24 de setembro de 1896, e emitiu os últimos votos a 2 de fevereiro de 1911. Recebeu ordens presbiteriais em Angra (nos Açores), a 10 de janeiro de 1896. Chegou ao Brasil em setembro de 1915, e veio para o Ceará, em março de 1926. Em Baturité, lecionou na Escola Apostólica e foi Cooperador e Vigário. Desde 1943, é o Diretor Espiritual do Seminário do Crato."


    Coordialmente,


    Pe. Roserlândio

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  3. Confirmo que o padre Artur Redondo,era de Vila Nova de foz Côa e curiosamente por muitas voltas que o mundo dá ,neste momento tem uma sobrinha neta em São Paulo.

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