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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


sexta-feira, 10 de maio de 2013

Varzealegrenses e suas leras - POR ANTONIO MORAIS



JOSÉ RAIMUNDO DE MORAIS - JOSÉ ANDRÉ DO SANHAROL.

Certa feita, Jackson Teixeira convidou José André para conhecer uma Granja de sua propriedade localizada nas proximidades do Alto do Tenente. Chegaram no local, e, saíram olhando os galpões, as instalações, aquela pintarada danada.
Zé André falando no seu sistema agudo, muito alto, volume total, nos sortinidos. Lá pras tantas Jackson se impacientou e disse: Zé André fale baixe homem, esses frangos não podem ouvir zoada não, qualquer barulho eles se estressam e morrem todos, não fica um pru indez.
Zé André seguiu o restante da granja calado, sem dá um piu. Jackson foi deixá-lo no Sanharol e quando fez a manobra pra ir embora Zé André falou: Ei Jackson, eu estou muito preocupado com o teu empreendimento: o que tu vais fazer no dia que der um trovão grande?




JOSÉ ALVES BITU

Quem conheceu Zé Bitu das Lagoas sabe o quanto era bom, justo, amigo, espirituoso e bem humorado. Apesar de sisudo e a cara sempre fechada, seus repentes eram de um refino a toda prova. Certa vez, foi ao Juazeiro fazer uma consulta medica acompanhado de uma das filhas. Chegando ao consultório tinha uma senhora com um menino muito danado. O menino não parava, quebrava um jarro aqui, rasgava uma revista ali, e assim passava o tempo todo.
Zé Bitu perguntou para mulher: a senhora só tem este filho? Não - respondeu a mulher, tenho outro maiorzinho que ficou em casa. Zé Bitu coxixou para a filha: deve ter ficado amarrado.
Certa feita, chegando a casa do compadre Pedro Piau, o encontrou misturando mel de engenho com farinha. Pedro Piau perguntou: Compadre Zé Bitu, você já viu uma coisa mais difícil do que misturar mel de engenho com farinha? Resposta no ato: Já compadre, separar depois.
Outra vez, Maria Caetana aproximando-se para comprar cigarros disse: Seu Zé Bitu eu só tenho dois defeitos: bebo e jogo. - José Bitu respondeu na hora - Dois defeitos grandes pra uma moça.



JOSÉ ALVES COSTA - ZEZINHO COSTA

Um dos maiores empreendedores de Várzea-Alegre, ex-prefeito do município, sem duvidas, o maior proprietario de terras e o mais afortunado dos nossos conterrâneos a sua época. Anualmente recebia um carro zerado da fabrica. Certa feita, na viagem inaugural ao Umari, na passagem pela curva da Santa Rosa, abalroou sua bela rural novinha com Neguim de João V-8 que trafegava em sentido contrario no Jeep velho de Antônio Vieira.
Neguim desceu do carro desconfiado e amedrontado disse: Também seu Zezin Costa, o senhor vinha na contra mão! E Zezinho Costa muito autoritário respondeu: E porque você não vinha na contra mão também?


RAIMUNDO NONATO BEZERRA DE MORAIS - MUNDIM DO VALE

O meu primo, camarada e amigo Mundim do Vale, leva o tempo a contar histórias dos outros. O homem tem uma memoria prodigiosa e se lembra de todas as ocorrências de nossa terra. Não esquece uma. É uma verdadeira inciclopédia da história de nossa terra. Homem exemplar, muito bem educado pelos pais Pedro e Iraci, exemplo de filho, irmão, esposo, pai, avô e amigo. Sem duvida o maior poeta contemporâneo pela expontaneidade da poesia associada a uma grande dose de humor. Hoje, eu vou revelar uma proeza do Mundim do Vale quando menino. Vejam bem, quando menino, não é de quando pequeno.
O Mundim passava em determinado local de Várzea-Alegre e Cicero Bitu, filho de José Bitu, estava brigando com outro menino qualquer. Mundim seguiu em frente, e, ao se encontrar com Zé Bitu disse: Seu Zé Bitu, Cicero está brigando com outro menino lá na praça de Santo Antônio. Zé Bitu respondeu: nem prestam eles dois que estão brigando nem você que veio enredar.

ANTÔNIO ALVES BEZERRA - ANTÔNIO ANDRÉ DO ROÇADO DE DENTRO

Na década de 40 do século passado, Chico Bitu do Sanharol tinha um time de futebol muito bom e recheado de craques do porte de Luiz Lixandre, Manuel de Teté, Barela e tantos outros.
Atendendo ao convite da Seleção do Roçado Dentro ficou acertada uma partida entre as duas partes. Na data e hora marcada, estavam lá as duas equipes perfiladas. depois da execução do hino nacional pela banda cabaçal da rua de São Vicente e de um minuto de silencio não se sabe a que fim e louvor, o juiz deu o silvo inicial.
Os contendores se abufelaram e decorridos 40 minutos do primeiro tempo, Antônio André, jogador do Roçado Dentro perguntou para o seu companheiro de equipe Manoel de Pedro do Sapo: "Mané de tia Barbara, pra que lado é que nois tamo butando mermo"?



DEPUTADO OTACÍLIO CORREIA.

A festa de São Sebastião em Várzea-Alegre era festejada entre os dias 10 e 21 de Janeiro de cada ano no sitio Boa Vista.
O administrador e zelador da Capela era o Senhor Chico Inácio. Na década de 1980, numa das festas mais animadas, os leilões eram muito rentáveis. Qualquer prenda apresentada pelo pregoeiro Oliveira Sátiro era arrematada por preço alto.
O pau da Bandeira era um bambu, uma taboca com mais de 25 metros de altura. No meio da animação e empolgado com a renda do leilão o Chico Inácio perguntou para o Deputado Otacílio Correia: Você já viu uma taboca maior do que esta? Apontando para o bambu, para o pau da bandeira.
O deputado respondeu: Já, já vi sim. Qual? Perguntou Chico Inácio. A que você vai passar em São Sebastião!

ANTÔNIO ROLIM DE MORAIS.

Nas eleições de 1988 pra prefeito de V.Alegre, o candidato Antônio Rolim de Moraes, recebeu em sua casa um eleitor queixoso, dizendo que sempre votara no partido desde a eleição de 1954 e que nunca tinha recebido nada em troca de seu voto, era um cara azarado. Logo chamou a atenção dizendo que naquele ano só votaria em um candidato em troca de uma geladeira. Foi aí que o candidato Antônio Rolim, chamou sua atenção: Rapaz azar grande é o meu: Você votou esse tempo todo de graça, e quando, eu sou candidato, você exige uma geladeira.

COMENTARIO DO BLOG.

Quando digo a falo que o varzealegrense não reconhece seus  valores,  escrevo com a propriedade de quem conhece.  Esta postagem é do dia 18.08.2012 : Portanto há um bom tempo. Ninguém  comentou.  Povo sem memoria, sem passado e sem futuro.

Um comentário:

  1. Prezado Antonio Morais,

    Parabenizo-o pelo resgate da memória dessas ilustres passagens do cotidiano varzealegrense. Acho que, independente de alguém ter ou não comentado, você deve continuar fazendo a sua parte, ou seja, resgatando e divulgando todo tipo de fato que sirva de lição, exemplo ou mesmo afirmação da cultura do povo de minha querida Várzea Alegre. Sou leitor assíduo das matérias publicadas nesse honrado blog. Continuarei sendo, pois sei que o principal objetivo será sempre a informação a todos, principalmente àqueles que por algum motivo deixaram a terrinha, como é o meu caso. Um grande abraço e que Deus continue abençoando as páginas inesgotáveis de sabedoria desse digníssimo Blog.

    Tenente Horizonte

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