Belchior Araújo, foi um iguatuense de família tradicional e abastada, que desviou-se da orientação familiar e quando em idade adulta passou a dar trabalho ás autoridades de segurança.
Pelos conceitos policiais ele não era tão valente como se dizia, mas quando bebia criava confusões e não respondia pelos seus atos. Conta-se que quando estava melado e chegava num samba, saia tomando adereços de homens e mulheres, embora, as vezes, no dia seguinte mandasse entregá-los aos donos.
Segundo os do seu tempo, uma vez ele chegou num forró na localidade de Mata Fresca e saiu tomando óculos, cordões, relógios da matutada presente, até que chegando num jovem moreno, a conversa foi diferente:
Pare aí doutor, este relógio eu comprei com o meu dinheiro e não vou lhe entregar. E ele olhando bem dentro dos olhos do matuto falou: Até que enfim encontrei um homem disposto.
A partir daquela noite o rapaz ficou conhecido como Raimundo Mata Fresca e passou a ser o lugar temente do arruaceiro.
Belchior, continuou assombrando os sambas e as viagens de trem que subia para Fortaleza ou desciam para o Cariri. No dia em que resolveu ir de carro para o Crato, o veiculo deu prego nas proximidades de Barbalha. Nisso, passa um cidadão barbalhense de Jeep e como este não concordou em ceder seu transporte para Belchior terminar sua viagem, levou um grande tapa na cara.
Recompondo-se o cidadão foi até a cidade e acionou a policia que saiu na direção da estrada para prender o agressor. Quando chegaram ao local não mais o encontraram, então saíram em perseguição. Quando chegaram no São José, avistaram novamente o veiculo parado em uma elevação próxima, mas não fizeram abordagem porque foram recebidos a bala. A patrulha respondeu a agressão com tiros de fuzil e Belchior foi atingido por um deles. Depois que identificaram o morto, o Cariri viveu dias de agitação.
Conforme tradição do sertão, no lugar onde morre um cristão uma cruz deve ser colocada, e ali erigiram uma. A moçada evoluída do Crato, descobriu que aquele outeiro era muito tranquilo e as luzes da cidade não ofuscavam o céu estrelado, então passaram a usá-lo para encontros amorosos noturnos.
Não demorou muito para que os empresários observadores construíssem vários motéis na circunvizinhança o que acabou definitivamente com o ponto turístico cratense, que por alguns anos foi chamado de " A Cruz de Belchior ".
Todo cratense com cinco ou seis décadas nos costados conhece a história do Belchior Araujo. E a Cruz.
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