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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


sexta-feira, 1 de março de 2013

A TRAGÉDIA DE ZÉ DE DUDAL - Por Mundim do Vale.

A  TRAGÉDIA  DE ZÉ  DE  DUDAL.

O sr. Dudal, tabelião de Várzea Alegre – Ceará, não teve filhos. Para que o casal não ficasse só, ele resolveu adotar um filho e uma Filha, Darca que era prendada e muito educada. E José, ao contrário da irmã adotiva, era muito danado, brigava da rua e ainda tinha a agravante de malinar nas coisa alheias.
Uma vez ele juntou-se com Vicente Cassundé e foram furtar cocos na Varjota.
Zé subiu no coqueiro e Vicente ficou embaixo catando os cocos. Lá uma hora Zé foi tirar um coco e deu com um boca-torta no cacho, no aperreio ele desequilibrou-se e caiu. Na queda fraturou as duas pernas e o braço direito.
Vicente Cassundé sem ter muito o que fazer Disse:
- Zé. Fique aí qui eu vou chamar gente pra ajudar. Não saia daí não Viu? Ora como era que saía? Vicente foi chegando no local onde tinha o antigo cacimbão no meio da rua e encontrou; Fábio Pimpim, Mundim Tibúrcio, Zé Ildefonso e Zé Augusto. Pela expressão de Vicente, aqueles senhores já notaram que havia algum problema. Zé Augusto foi logo perguntando:
- O que foi que aconteceu Vicente? Porque você treme tanto?
- Foi pruque Zé de Seu Dudal distabacou-se de riba dum coqueiro e tá lá istatalado no chão.
- E onde é que ele está?
- Ele tá alí na Vajota. Mais ele num tá pudendo nem se mexer.
- Pois nós vamos lá.
Quando chegaram no local que constataram a gravidade de Zé, foram logo tratando de arranjar tabocas para encanar. Cada taboca que era amarrada Zé dava um grito e dizia:
- Num vão dizer a pai não !
Zé Ildefonso perguntou:
Foi naquele momento que eles lembraram que Dudal precisava ser avisado.
- Quem vai avisar a Dudal?
Vicente Cassundé gritou:
- Eu vou !
Mundim Tibúrcio o mais sensato de todos falou:
- Não Vicente, é melhor que eu vá porque Dudal já tá idoso e pode sentir um choque, deixe que eu preparo ele primeiro e depois dou a notícia.
Quando Mundim chegou na casa de Dudal, ele estava bem acomodado numa espreguiçadeira e foi logo perguntando:
- Que novidade é essa Mundim? Você não tem costume de andar por aqui uma hora dessa.
- Pois é Dudal. Eu estou aqui para lhe dar um notícia, mas não sei por onde começar.
- Pode dizer, Mundim. Se for problema com José, não é mais novidade para mim. Não tem problema maior na minha vida, do que o próprio José.
- Pois é isso mesmo. Houve um acidente com ele.
- E o que foi?
- Ele caiu de cima de um coqueiro.
- E ele morreu?
- Morreu não. Ele quebrou as pernas mas já estão encanando.
- Então Mundim, se José escapou, não foi um acidente, foi uma tragédia.

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