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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

O RABO DE ZÉ DE ANA - Por Mundim do Vale.

O  RABO  DE  ZÉ  DE  ANA.

Certa vez o meu tio Vicente Piau, ganhou um galo de presente do seu primo Janjão. Batizou o galo com o nome de Zé de Ana, que era seu tio e ele gostava muito.
O galo por ser muito bonito, tinha um tratamento diferenciado, enquanto os pintos e as galinhas tinham seus alimentos de insetos, Zé de Ana só comia milho e tinha que ser do amarelo. Um dia meu tio sentiu falta de de Zé de Ana e mandou seu filho cascudo procurar:
- Joaquim. Vá procurar o galo, porque desde que o dia amanheceu, que eu não vejo ele.
Cascudo ficou enrolando e o tempo foi passando. Uma hora lá meu tio zangou-se e falou:
- Joaquim. Se Zé de Ana não aparecer, você vai inaugurar meu cinturão novo no espinhaço. Cascudo saiu agoniado na direção do fim da manga e quando voltou já estava escuro. Ficou tentando ganhar tempo, quando seu pai gritou:
- Joaquim ! Você vai ou não vai buscar Zé de Ana?
- Ôxente pai. E eu num já truxe.
- E cadê zé?
- Tá alí no pé daquela cerca. Os pé, o bico e as penas.
- E o galo?
- Pois é pai. Eu tava procurando ele alí no fim da manga, aí iscutei uma zuada dento das moita do Riacho do Machado, aí fui inté lá. Quando eu cheguei lá tinha dois cachorro de Raimundo Beca rasgando ele.
Meu tio muito sentido falou:
- Coitado de Zé de Ana. Mas o culpado foi você. Se tivesse ido procurar na hora que eu mandei, não tinha acontecido isso. Eu vou fazer com você o mesmo que os cachorros fizeram com Zé.
Cascudo tentando evitar o cinturão, deu uma ideia para o pai:
- Pai. Ramo fazer disso; Nóis pega as pena do rabo de Zé de Ana e faz uma peteca pra nóis brincar, aí pai nunca vai isquecer dele.
O pai não concordou:
- Eu tenho uma ideia melhor; E vou lhe dar umas lapadas com o cinturão, que é pra nós dois nunca mais esquecer de Zé de Ana.
E assim o causo termina com meu primo Cascudo inaugurando o cinturão novo do meu tio Vicente. 

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