Esta é a história de um ex-chefe de Estado, convencido de que o Brasil nasceu com ele e que, antes, nem chegava a ser país. Tratava-se de uma reles colônia.
Um governante hábil, cercado de um imenso cordão de puxa-sacos, que beijava suas mãos e se ajoelhava diante dele. De certa forma, tolerava a imprensa, mas gostava de imiscuir-se na orientação dos jornais e de brigar com os jornalistas que não aceitavam suas imposições. Ai deles! Os inúmeros (e bem recompensados) adeptos do guia supremo os perseguiam e agrediam nas ruas.
Mesmo gostando de aparecer, passou muito, muito tempo sem dar entrevistas. Era chefe de Estado, mas tinha profunda afinidade com os costumes do povo. Viúvo, casou-se de novo; mas sua esposa não tinha o direito de se manifestar em público. Quem mandava mesmo era a amante paulista, que nomeava e demitia, que beneficiava a família e seus protegidos, não tendo a menor preocupação com o escândalo que provocava. Era a namorada do chefe; quem não a apreciasse tinha todo o direito de obedecê-la, favorecê-la e calar-se.
A-do-ra-va dar palpite na política de outros países. Trouxe para o Brasil, regiamente pagos, aventureiros internacionais para auxiliá-lo nas tarefas a que se propôs – jamais se incomodou que fossem estrangeiros.
Fez seu sucessor, pessoa de boa-vontade, mas pouco eficiente – foi quem, por exemplo, prometeu gastar o que fosse preciso para levar água aos nordestinos.
Esta é a história, claro, de D. Pedro I, que acaba de ser exumado.
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