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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


quinta-feira, 15 de agosto de 2013

VERSO LÁ DE NÓS - Por Mundim do Vale.

OPERAÇÃO  PORCARIA.

Terça feira de carnaval do ano de 1971 na cidade de Várzea Alegre Ceará.
Dia da mentira.

Mandei matar um leitão
Pra fazer uma feijoada,
Aluguei um caminhão
E convidei a cambada.
Foi no sítio Cachoeira
Na manhã de terça feira
Que aconteceu a folia.
Como era carnaval
Botei o nome legal
OPERAÇÃO  PORCARIA.

Os convidados gritando
Era a maior confusão
E eu alí controlando
Chamando sempre a atenção.
Parecia uma saída
Pra jogar uma partida
Num campo de futebol.
Saimos nessa zoada
Nossa primeira parada
Foi no sítio Sanharol.

Um convidado pulou
E furtou uma galinha
Ali mesmo ele pelou
Atrás da casa vizinha.
Pediu pra mulher torrar
Para na volta pegar
E tomar a saideira.
Ali já subiu mais gente
Tocamos o carro pra frente
Chegamos na Cachoeira.

Lá no sítio Cachoeira
Fui conzinhar o feijão,
Começou a bebedeira
A maior perturbação.
Já fiquei aborrecido
Porque tinha esquecido
De levar prato e colher.
Chico Brito aproximou-se
Com quinze latas de doce
Que arranjou duma mulher.

O feijão foi conzinhando
E eles na putaria
Eu fui logo temperando
Do jeito que eu queria.
Botei mocotó e osso
Tripa e carne de pescosso
E até carretel de linha.
Não sei se iam gostar
Mas para o caldo engrossar
Botei maizena e farinha.

Quando o feijão ficou pronto
Eu comecei a servir
Tinha um convidado tonto
Foi o primeiro a pedir.
Ele só tinha um dente
Engoliu a caldo quente
Só um carretel ficou.
Ele jogou para um lado
Já caiu acompanhado
Do seu dente que quebrou.

Tinha outro convidado
Que era muito exigente
Botou a mão pra meu lado
E eu servi o feijão quente.
Ele ficou sem ação
Rebolou tudo no chão
E a lata ficou pregada.
Ele tentou arrancar
Dizendo: - Se eu escapar
Não como mais feijoada.

Nós resolvemos voltar
Pra felicidade minha
Mandaram o carro parar
Para pegar a galinha.
Quem foi pegar foi Antão
Que trouxe num caldeirão
O bendito tira-gosto.
Chicco Brito segurou
Mas pra Antão só sobrou
Farofa e tapa no rosto.

Foi a maior confusão
Murro ia e murro vinha
Eles derrubaram Antão
Só por causa da galinha.
Quando chegamos na praça
Eu pedi logo uma graça
A santa virgem Maria.
Que se terminasse em paz
Eu não faria jamais
OPERAÇÃO  PORCARIA.

Mundim do Vale.

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