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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


sábado, 15 de março de 2014

Pois é…- Por Reinaldo Azevedo.


Já sei. Muitos de vocês já tinham até comprado Anapyon (ainda existe?) só para preparar o gogó e vaiar a Dilma Rousseff, presidente do Brasil, e o Joseph Blatter, presidente na Fifa, na abertura da Copa, em São Paulo, e no encerramento, no Rio? Podem esquecer! Não vai haver discursos. Mantenham a garganta limpa e higienizada para comemorar os gols da Seleção Brasileira e, espero eu, o título. Então só restou mesmo vaiar a Dilma nas urnas. Vocês sabem como.

Em entrevista à agência alemã DPA, Blatter falou sobre a sua decisão de suspender os discursos justamente ao comentar as vaias que ele e Dilma receberam na Copa das Confederações, em junho de 2013: “Não dá para saber o que vai acontecer [se haverá ou não protestos durante a Copa]. Não sou profeta. Estou convencido de que a situação se tranquilizou. Vamos fazer a cerimônia de uma maneira que não aconteçam discursos”.

A Fifa tentou negar depois que a decisão tenha alguma relação com o risco de vaias. Mas não é preciso ser muito bidu, não é?, para entender os motivos. Uma decisão como essa não é tomada sem uma avaliação objetiva da situação. E o risco de uma vaia estrepitosa certamente foi considerado altíssimo. Ainda que a entidade seja a dona do campeonato e decida quem fala e quem não fala, não se muda assim a cerimônia oficial sem um prévio entendimento com o Palácio do Planalto — que, claro, diz ignorar a decisão.

Uma sonora vaia em julho — a três meses da eleição — seria devastadora para a campanha eleitoral de Dilma. Haja, depois, horário eleitoral para tentar compensar o desagaste. Imaginem a audiência da cerimônia de abertura. E, no caso, meus caros, não tem barriga-me-dói, como se diz em Dois Córregos: é a vaia sair, ela tem de ir ao ar, com toda a sua convincente sonoridade.

Aliás, na era digital, com telões, celulares etc., a simples exibição da imagem de Dilma pode desencadear manifestações de, digamos, agravo. Mas é evidente que o desgaste é muito menor do que não conseguir falar. E a presidente não chega a ser, assim, um Rui Barbosa ou um Padre Vieira, que nunca perdiam o fio.

A Fifa diz que pode ainda rever a decisão. Claro que sim! É o tipo de coisa que pode ser decidida até minutos antes do evento. Tudo vai depender de como as coisas caminham até lá. Mas não há muitas razões para a população achar que a saúde, a educação, os transportes e a segurança pública atingiram, finalmente, o tal “Padrão Fifa”.

É impressionante o que conseguiu a incompetência gerencial do PT! Como já observei aqui, aquele que deveria ser o grande trunfo de Dilma neste 2014 está se mostrando uma das maiores pedras que ela tem no caminho. Sem a Copa do Mundo, ela estaria numa situação mais confortável. Lula achou que já tinha dado o pão e que complementaria a sua obra com o circo. A população, no entanto, começou a pedir um pão de mais qualidade. Não deixa de ser um avanço.

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