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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


quinta-feira, 3 de julho de 2014

O bacanal dos politicos.


Matéria de João Domingos, em O Estado de S. Paulo de 30 de junho passado, dá números ao problema. Doze candidatos a governador apoiados pelo candidato à Presidência Aécio Neves (PSDB) são de partidos aliados ao PT ou ao PSB. Nove candidatos a governador apoiados pelo presidenciável Eduardo Campos (PSB) são de partidos aliados ao PT ou ao PSDB. Dois candidatos apoiados pela presidente Dilma Rousseff (PT), candidata à reeleição, são de partidos aliados ao PSDB ou PSB.

As alianças aqui se multiplicam em torno de interesses paroquiais sem que se tenha o pudor de explicar as razões. No Brasil, a vocação para colocar tais interesses acima dos nacionais vem de longe. Na República Velha, os partidos regionais já dominavam a cena, predominando no palco até meados do século XX.

No Brasil de hoje, a bacanal eleitoral é assegurada pela Constituição, que derrubou em 2006 a verticalização partidária adotada pelo TSE e pelo Supremo Tribunal Federal. O Congresso legitimou tal opção por conta da prevalência dos interesses eleitorais frente aos interesses ideológicos, partidários e programáticos.

A mensagem passada para a população mais educada é péssima e alimenta o descrédito com relação à política e aos políticos. Aos que não se importam, fica a lembrança do que teria dito Platão: “Aqueles que não gostam da política serão governados por aqueles que gostam”. E não necessariamente por aqueles que deveriam estar no comando.


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