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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Dilma se rende e fará no segundo governo o que negou que faria - Ricardo Noblat


Faça de conta que Marina Silva se elegeu presidente da República para suceder Dilma Rousseff. E que mesmo acusada durante a campanha eleitoral de ser refém do sistema financeiro, tenha convidado Neca Setúbal, herdeira do Banco Itaú, para ministra da Fazenda.

Neca agradeceu o convite, mas o recusou, alegando compromissos com o banco. Em compensação, indicou para seu lugar um graduado funcionário do Itaú. E por meio de nota oficial, elogiou-o no dia do anúncio do seu nome como futuro ministro da Fazenda.

Em um caso assim, como reagiria o PT e as demais forças políticas derrotadas há tão pouco tempo? Silenciariam por reconhecer que Marina não tinha melhor opção para promover os ajustes reclamados pela economia? Ou a acusariam de fazer o que negara antes?

Troque o nome de Marina pelo de Dilma. O de Neca Setúbal pelo de Luiz Fernando Trabuco, presidente do Bradesco. E chame o novo ministro da Fazenda de Joaquim Levy, ex-diretor do Bradesco, ex- funcionário do FMI, doutor pela ultraortodoxa Universidade de Chicago.

Terá sido por isso que Dilma suspendeu na semana passada o anúncio oficial do nome de Levy, deixando-o exposto a ataques do PT? Ou terá sido por isso que ela não quis anunciar, ontem, os nomes de Levy, Nelson Barbosa (Planejamento) e Alexandre Tombini (Banco Central)?

É como se Dilma tivesse dito com seu gesto: bem, estou fazendo tudo o que os meus críticos diziam que era para ser feito. Tudo o que Aécio Neves prometia fazer caso se elegesse. Reservo-me, porém, o direito de mais adiante interferir se discordar dos resultados.

Guido Mantega, atual ministro da Fazenda, foi piedosamente poupado de participar da rápida e modesta solenidade que marcou no Palácio do Planalto a recepção aos novos ministros. Em nota, Dilma referiu-se a ele como “o mais longevo” ministro da Fazenda. Levy fez o mesmo.

Longevo, em si, não quer dizer nada. Mantega pode ter sido o mais longevo ministro da Fazenda dado à sua competência. Ou o mais longevo porque não ousou tentar contrariar os seus chefes. Por uma coisa mereceria ser elogiado. Pela outra, não necessariamente...

Desde já, reserve-se para Dilma o prêmio de presidente mais original da história recente do país – o único a dispor de dois ministros da Fazenda ao mesmo tempo. Um, demitido por ela, mas que ainda não saiu do governo. E o outro, anunciado, mas que ainda não entrou.

Um comentário:

  1. Pra Dilma o Itaú ia tirar comida do prato de pobre, já o Bradesco vai distribuir cesta basica.

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