Babalorixá vai à TV e faz firula como no tempo em que tomava Black Label na Fiesp e pinga com os operários. E se dá mal!
Luiz Inácio Lula da Silva, sim, ele mesmo!, acaba de criar, com a sua fala irresponsável no horário político do PT um problemão para a presidente Dilma. E já tomou um contra-ataque. Não tem jeito: os “companheiros” não perceberam que não ditam mais a pauta. O que aconteceu?
Na televisão, Lula afirmou que o Congresso estava retirando direitos dos trabalhadores. Em suma: em vez de se pronunciar como um homem das instituições, resolveu falar como chefe de facção, tentando jogar a população contra o Parlamento. Sim, Lula se referia principalmente ao projeto das terceirizações, mas foi ambíguo o bastante para colocar todo o Legislativo na mira.
Leonardo Picciani (RJ), líder do PMDB na Câmara, aliado de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Casa, anunciou em seguida que seu partido não aceita mais votar nesta quarta a MP 665. E não o fará enquanto o PT não definir a sua posição, não fechar questão em favor do pacote fiscal e não parar de tentar jogar a população contra o Congresso.
Xeque-mate!
Picciani foi irônico. Afirmou que o seu partido se deixava, então, convencer por Lula, obedecendo a sua orientação. Já foi o tempo em que o PT votava uma coisa no Congresso e dizia outra para o distinto público. Aliás, essa é uma prática antiga de Lula, desde quando era sindicalista.
Quando chefiava o Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo e negociava com o então Grupo 14 da Fiesp, lá no fim dos anos 70 e início dos anos 80, fechava acordo com os empresários, em reuniões regadas a Black Label, mas fazia discurso radical para as massas, segurando a greve por mais algum tempo, até começar a recuar e aprovar a proposta que havia sido negociada com o copo. Depois comemorava com a pobrada com uma pinguinha.
Nessa brincadeira, muita gente perdeu o emprego, enquanto Lula pavimentava seu caminho para a Presidência da República.
Agora, há um Cunha no meio do caminho. No meio do caminho, há um Cunha. A única esperança mesmo dos companheiros é que Rodrigo Janot consiga quebrar as pernas do presidente da Câmara. Para isso, no entanto, precisará contar com os votos do Supremo. Vamos ver.
Cunha anunciou que a sessão que vai discutir a MP 665 começará ao meio-dia desta quarta, que será quente. O PT, em suma, vai ter de decidir se pertence à base ou não. O deputado Hildo Rocha (PMDB-MA) fez a ironia final: “Lula acaba de enterrar o ajuste fiscal. Se o ex-presidente Lula é contra retirar direitos dos trabalhadores, quem somos nós, simples deputados, para contrariar o líder?”
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