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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


quarta-feira, 6 de maio de 2015

PT tenta dar um truque na votação do ajuste fiscal, Cunha percebe, contra-ataca, e companheiros ficam pendurados na brocha - Por Reinaldo Azevedo.

Sabem por que o PT odeia tanto o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e se esforça para destruí-lo? Porque o presidente da Câmara não cai em nenhum dos truques do partido. É bem verdade que alguns estão manjados demais, mas não é menos verdade que muitos se deixariam enredar. A que me refiro? Cunha adiou a votação da primeira MP do ajuste fiscal, a 665, para esta quarta. Por quê? Por causa da molecagem dos petistas. Explico.

O PT — principal partido da base, legenda a que pertence a presidente da República, que considera o ajuste fiscal peça basilar de sua gestão — decidiu fazer beicinho. Parte considerável de seus parlamentares não quer arcar com o ônus das Medidas Provisórias 664 e 665, que restringem, respectivamente, privilégios previdenciários e relativos ao seguro-desemprego e abono salarial.

A bancada do partido se reuniu. O governo precisou montar uma força-tarefa para convencer os companheiros, como se estivesse se mobilizando para convencer um partido de oposição. Michel Temer (PMDB), vice-presidente da República e coordenador político, comandava o encontro. Nada de obter consenso. Temer, então, falou com a presidente Dilma, que mandou pra lá os ministros petistas Aloizio Mercadante (Casa Civil), Ricardo Berzoini (Comunicação), Miguel Rossetto (Secretaria-Geral) e Pepe Vargas (Direitos Humanos).

Muito bem. Os ministros conversaram, conversaram e conversaram. E a maioria do PT, então, decidiu apoiar o pacote fiscal. Pois é… Ocorre que, espertamente, os petistas não fecharam questão. Logo, cada um votaria como bem quisesse. No fim das contas, a responsabilidade por aprovar as MPs recairia sobre os ombros dos demais partidos que apoiam o governo.

Ao saber que os “companheiros” não haviam fechado questão, Cunha adiou a votação. E ironizou: “Não queremos tirar dinheiro de ninguém. Cabe ao governo discutir isso com sua base. Vamos ver se o PT vai para a base”.

Na mosca!

José Guimarães (CE), líder do PT na Câmara, fez uma declaração realmente estupefaciente. Disse que são necessárias “novas rodadas de negociações”. Ah, entendi… O partido da presidente precisa ser convencido a votar na proposta que a presidente considera essencial…

A propósito: sabem quem estava na reunião da bancada do PT? Vagner de Freitas, presidente da CUT. Vale dizer: a petezada se reunia para rejeitar as MPs.

Ora, Dilma que se entenda com a bancada de seu partido, não é mesmo? O que não pode é ficar irritada com Cunha.

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