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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


terça-feira, 30 de junho de 2015

Em jogo, a cabeça de Dilma - Por Ricardo Noblat

O escândalo em torno da roubalheira na Petrobras subiu a rampa do Palácio do Planalto onde despacham o ministro da Secretaria de Comunicação Social Edinho da Silva, o ministro-chefe da Casa Civil da presidência da República Aloizio Mercadante, e a presidente da República Dilma Rousseff.

Em outro front, bateu à porta do Instituto Lula, na capital paulista, onde costuma ser encontrado o ex-presidente.

De duas, uma. Ou o empresário Ricardo Pessoa, dono da UTC, chefe do cartel de empreiteiras que roubou a Petrobras, é um delirante formidável ou fala a verdade.

Sua delação premiada contém detalhes capazes de causar inveja a bons romancistas. O que um delator conta à Justiça só vale se for provado. Se mentir, perderá o direito a uma pena menor. Qual a vantagem de mentir, portanto?

Pessoa disse que pagou propina a políticos de vários partidos e ao PT com dinheiro desviado de contratos superfaturados para a prestação de serviços à Petrobras.

Edinho, tesoureiro da campanha de Dilma no ano passado, tomou dinheiro de Pessoa. Bem como Mercadante, candidato ao governo de São Paulo em 2010. Bem como Lula, naturalmente, para a campanha que o reelegeu em 2006.

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Dilma viajou de cabeça quente ao encontro de Barack Obama. Por sinal, sempre que o então presidente José Sarney viajava, Fernando Henrique Cardoso repetia: “A crise viajou”.

O comentário não se aplica a Dilma. A crise não é somente ela. A crise tem mais a cara de Lula e do PT. De Lula que inventou Dilma. Dele e do PT que protagonizaram até aqui os maiores escândalos da história do país.

O mensalão é a mais ruidosa obra do primeiro governo Lula. Virou trocado a se comparar com a roubalheira na Petrobras. Dilma não é inocente no caso da Petrobras.

Quem foi ministra das Minas e Energia, presidente do Conselho de Administração da Petrobras, e sempre fez questão de cuidar dela, não pode ser inocente. Lula, porém, por obra, graça ou omissão é o responsável por tudo.

Dilma não passa de uma gerentona sem talento, arrogante, refratária a pessoas em geral e dona de ideias econômicas ultrapassadas. Está sobrando na espaçosa cadeira que ocupa.

Para agravar a desdita dela – ou melhor: a nossa – é vítima de algo tão nativo como a jabuticaba. Pois Lula inverteu a ordem natural das coisas e age como o criador que tenta agora destruir a criatura.

Lula elegeu Dilma para mandar no governo dela e sucedê-la depois de quatro anos. Dilma nem deixou que ele mandasse tanto, nem renunciou ao direito de concorrer ao segundo mandato.

Há mais de um ano, Lula só faz criticá-la - ultimamente, porque teme ser preso e acha que Dilma nada faz para defendê-lo. Até que há 15 dias, Lula ultrapassou todos os limites. Declarou guerra a Dilma. Ele e o PT.

Procede como um implacável adversário dela, enfraquecendo-a – e ao seu governo - por toda parte. Emite sinais de que, no limite, poderá entregar a cabeça de Dilma para preservar a sua.

Não duvidem.  Lula é amoral, e dá provas disso com frequência. Se necessário, negociará com o PMDB e outros partidos aliados do PT a substituição de Dilma por Michel Temer, o vice-presidente.

Em 2018, se quiser ou se puder, tentaria voltar ao lugar de onde jamais gostaria de ter saído. (Saudades do sanduíche de ovo servido a qualquer hora da madrugada!) Afinal, foi nele ou a partir dele que descobriu os luxos que só as grandes fortunas proporcionam.

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