No meio da tarde de ontem, Lula reuniu-se com Renan Calheiros, presidente do Senado, e o ex-senador José Sarney para aquela que seria, caso fosse bem sucedida, uma manobra capaz de abortar a queda da presidente Dilma – ou de pelo menos frear a celeridade do processo de impeachment que ora tramita na Câmara dos Deputados.
Em nome de Dilma, Lula fez um apelo a Renan e a Sarney para que o PMDB adiasse a reunião do diretório nacional do partido marcada para a próxima terça-feira, dia 29. Por folgada maioria, o diretório deverá decidir pelo desembarque do PMDB do governo, onde ele detém o controle de sete ministérios e ocupa centenas de cargos.
Renan foi embora da reunião disposto a fazer o que Lula lhe pediu. Sarney, nem disse sim a Lula, nem não. De volta ao Senado, Renan afirmou em entrevista que para haver impeachment deveria existir antes crime de responsabilidade cometido pela presidente. Do contrário, completou, o impeachment deveria ter outro nome.
Não disse qual nome seria. Mas horas antes, em comício promovido no Palácio do Planalto, Dilma dissera que impeachment sem crime não passa de golpe contra a democracia. Renan acionou os ministros do PMDB, e logo todos eles, que abominam a ideia de o partido abandonar o governo porque abominam perder seus cargos, começaram a se mexer.
Gastaram o resto da tarde telefonando para deputados com a notícia de que a reunião do diretório nacional poderia ser adiada. E depois das 19h, foram em bloco recepcionar na Base Aérea de Brasília o vice-presidente da República Michel Temer, que ali chegava de volta de São Paulo. Os sete pediram a Temer a transferência da reunião para o dia 14 de abril.
Por que essa data? Porque Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Câmara dos Deputados, antecipou que a votação final do impeachment poderá se dar no domingo dia 17 de abril. Assim, mesmo que o diretório nacional decidisse pelo desembarque do partido do governo no dia 14, não haveria tempo hábil para que isso acontecesse antes do dia 17.
Uma coisa seria o PMDB romper com o governo apenas às vésperas da votação do impeachment. Outra bem diferente será romper na próxima terça-feira. Rompimento tão antecipado dará tempo para que outros partidos que apoiam o governo igualmente o abandonem. É tudo o que o governo teme. É tudo o que está preste a ocorrer.
Temer nada respondeu aos ministros na Base Aérea de Brasília. Foi direto para o Palácio do Jaburu, residência oficial do vice-presidente. Reunido em seguida com seus principais conselheiros e um grupo de vinte e poucos deputados, resolveu manter a data marcada da reunião do diretório nacional do PMDB. Alegou que não faria sentido adiá-la.
Fez mais: cancelou uma viagem a Portugal para participar de um seminário jurídico na Universidade de Lisboa. Ele faria uma palestra no dia 29, justamente o dia da reunião do diretório nacional. E só amanheceria em Brasília no dia seguinte. Quem presidiria a reunião seria o senador Romero Jucá (RO), vice-presidente do partido. Temer quer ficar por perto.
Solitários no barco do PT Renan e Sarney solidários a Lula e Dilma ficarão na história marcados pelo mal que sempre fizeram ao povo brasileiro.
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