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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


quinta-feira, 20 de outubro de 2016

Eduardo Cunha esperava ser preso e reunia arsenal contra PT e PMDB

Ex-deputado escrevia livro visto como 'delação informal' e coletava dados sobre doações
Fonte: Folha de S.Paulo

Não foi exatamente uma surpresa. Eduardo Cunha (PMDB) já havia conversado com pessoas próximas sobre a expectativa de ser preso. Viveu o auge dessa tensão nos dias que sucederam sua renúncia à presidência da Câmara, em julho, e, com ainda mais intensidade, depois de ter o mandato cassado pelos colegas, em setembro. Sabia que estava vulnerável.
Entre a sombra da prisão e o isolamento político, dedicou todo o seu tempo a duas tarefas: sua defesa na Justiça e o livro que prepara sobre o impeachment de Dilma Rousseff e a crise política.
A obra é vista como uma espécie de "delação informal". Nela, Cunha será autor e protagonista. Vinha escrevendo "enlouquecidamente", segundo aliados.

Em recente conversa com a Folha, Cunha disse que tinha mais de cem páginas prontas. Buscava um profissional para auxiliá-lo a formatar o texto e deixá-lo de modo publicável.
Para colocar suas "memórias" no papel, levantou agendas antigas de compromissos públicos e privados. Há meses vinha também esquadrinhando todas as doações que capitaneou para o PMDB, um levantamento que delegou ao corretor de valores Lúcio Bolonha Funaro, que acabou preso em julho.Antes, porém, Funaro relatou a aliados que havia juntado "quilos de papéis".Mas Cunha não se dedicou apenas às contas do PMDB, sigla para a qual atuou como um esmerado arrecadador. Ele também fez uma série de estudos sobre o caixa petista."O PT cobrava até comissão das doações. Repassava 95% [para os candidatos] e ficava com 5%. É só você olhar as entradas e saídas", disse à Folha ainda em setembro.

Questionado se havia feito o estudo pessoalmente, respondeu: "Fiz". E por que dedicava tempo a isso? "A gente tem sempre a curiosidade para ver o financiamento dos partidos. Montante e origem. É informação. Faço para os meus argumentos."
Todos os dados seriam usados no livro, ou, especulavam aliados, em uma possível delação premiada –hipótese que ganhou agora força.

RENDIDO
Cunha foi informado de que era alvo de um pedido de prisão pouco antes das 13h desta quarta (19). Disse aos advogados que iria se entregar. De terno azul e gravata, preparava-se para ir à sede da Polícia Federal em Brasília. Não deu tempo. Os agentes já estavam na garagem de seu prédio quando decidiu sair.

O peemedebista tratou dos direitos da publicação de sua obra com três editoras: Planeta, Matrix e Geração. Manifestou certa insatisfação com as propostas financeiras que recebeu. Pensava em bater o martelo esta semana. Pode não ter dado tempo.

Para a obra, além da papelada, rememorou conversas privadas e diálogos com diversos colegas de parlamento, ministros, ex-ministros, a ex-presidente Dilma Rousseff e o presidente Michel Temer.
Decidiu, porém, expor alguns de seus alvos antes mesmo de fechar o roteiro. Um dia depois de ser cassado, foi questionado por um de seus últimos aliados "por onde começaria". "Moreira Franco e Rodrigo Maia."

Semana passada, em reunião com uma das editoras, Cunha se negou a antecipar detalhes da obra, o que causou preocupação. Decidiu ser direto: disse que tudo o que colocaria no papel poderia comprovar. Com documentos, ou gravações.

Um comentário:

  1. Eu não lamento a prisão do Eduardo Cunha, nem podia. Más não posso negar que o Cunha prestou o maior serviço ao Brasil quando o salvou das mãos do PT, da Dilma e do Lula.

    O Cunha tem todo direito de se espernear, o PT tem todo direito de aplaudir agora a sua delação, porém o Cunha não tem crimes a delatar do Temer no exercício do seu mandato. Assim sendo é malhar em ferro frio, o que não acredito que o faça. Cunha é inteligente e não dar ponto sem nó. Que se cuide o PT.

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