Faz 47 anos que o Pe. Frederico Nierhoff , ex-padre da paroquia de São Vicente Ferrer e da Sagrada Família em Crato, se despediu do povo cratense, através do jornal "A Ação" escrevendo : " Passei quase uma existência com vocês, me alegrando e me entristecendo com as alegrias e tristezas de cada um, com uma palavra "vivendo" com vocês". Era impossível me despedir sem comoção.
Até 1968, em Crato só existiam duas Paroquias : Nossa Senhora da Penha e São Vicente Ferrer. Ele era um homem de grande dinamismo e enorme capacidade de trabalho. Muito alto, voz grossa, falava um português, às vezes, truncado, mas era muito comunicativo. Na pastoral procurava atingir todos os segmentos : adultos, homens e mulheres, jovens e crianças, principalmente através da catequese. Não ficava só nas atividades estritamente religiosas, mas procurava ir ao encontros dos necessitados, por isso estimulou a educação, com a fundação do Instituto São Vicente entregue as professoras Anilda Arraes Alencar, Alda Arraes, Maria Almino e as demais irmãs.
A criação da Creche São Miguel, a criação dos Núcleos Habitacionais da Malhada na Ponta da Serra e do Romualdo; ampliou a Matriz de São Vicente, construiu 10 capelas, criou um centro catequético com parque de diversão para crianças até com piscina.
A respeito dele se expressou Monsenhor Pedro Rocha de Oliveira em 28.05.1968 : Pe. Frederico, no seu fecundo pastoreio, entre nós, alcandorou-se em grandeza sacerdotal. No ministério sacerdotal, impressionou pelo zelo pastoral. No setor social, desenvolveu uma obra de envergadura que nunca será demais enaltecer. Amava o Crato e sua gente, talvez mais do que a gente de sua querida Alemanha. A Matriz de São Vicente, ao seu tempo, tornou-se a sala de visita da Diocese seja pelo fervor religioso e intensidade de vida espiritual, seja pela vigorosa estrutura sócio-apostólica e bela urdidura em ação social.
Do Crato o Padre Frederico, em Janeiro de 1969, se transferiu para a Diocese de Floresta. Ali, em Custodia, foi vigário. E em 31 de outubro de 1975, foi vitima de um acidente de carro que dirigia, quando sentiu um enfarto.
Temos muito que agradecer a Deus pelo exemplo deixado pelo Pe. Frederico, pelo seu amor a pastoral na Paroquia de São Vicente Ferrer.
Claude Bloc.
ResponderExcluirMeu pai foi grande amigo de Padre Frederico. Este frequentava a minha casa e era servido de cerveja para confraternizar a alegria de estar entre amigos. Meu pai se orgulhava dessa amizade pelo fato de ambos passarem por cima da nacionalidade e deixarem a rivalidade e o ranço semeados na II Grande Guerra, sem interferir num relacionamento amigo entre ambos.
Fui aluna do Instituto São Vicente Férrer também criado por Padre Frederico que o administrava com a ajuda de D. Anilda e Dona Alda Arrais. Este também foi um marco da atuação devotada de Padre Frederico dentro do âmbito de sua paróquia.
Saíamos do Pimenta a pé para assistir sua missa chamada de "missa das crianças" e cujo sermão era cheio de brincadeiras e risadas atraindo toda a atenção dos que ali iam com alegria ouvir a palavra de Deus de forma humana e mais próxima do coração e da bondade.
Então, celebro com vocês a alegria e a oportunidade de fazer jus a esta pessoa tão querida no nosso meio cratense.
Chamo-me Frederico Ricardo e esse mesmo relato, eu tenho da minha falecida mãe e meu pai que eram amigos do Padre Frederico, e mais que ele gostava de cerveja. Eram tão amigo que eu levei o nome do padre, adotado por meus pais em homenagem viva a ele, pois eu apenas fui nascer em fortaleza e voltamos pro Crato. Hoje moro na capital do Maranhão.
ExcluirArmando Rafael.
ResponderExcluir1) Você falou acertadamente: um dia vão fazer justila a Padre Frederico.
Nem sempre os poderes públicos de Crato são gratos aos grandes benfeitores desta cidade. Dom Vicente Matos – o maior benfeitor da Princesa do Cariri – é um exemplo evidente disso. Basta dizer que até hoje a Câmara de Vereadores nunca denominou uma rua de Crato de “Dom Vicente Matos”.
Padre Frederico é outro injustiçado.
Não fora a iniciativa do Padre José Honor de Brito de denominar uma escola (anexa à Igreja de São Miguel) de “Padre Frederico”, esse generoso alemão teria “passado em branco” nas homenagens que a Cidade de Frei Carlos ainda está a lhe dever.
Nos mais de 20 anos que exerceu benéfica ação pastoral como missionário em Crato, Padre Frederico (além das obras materiais citadas no articuleto) adaptou-se à psicologia da população cratense e usou da sensibilidade de que era dotado, deixando marcas de um trabalho carinhoso junto às camadas mais necessitadas. Serviu aos fiéis que lhe foram confiados como verdadeiro pastor, fazendo também as vezes de orientador e de amigo.
2) Realmente, a Internet não tem nada sobre o Padre Frederico. Para atender seu pedido conversei com algumas pessoas. Uma delas, dona Almina Arraes de Alencar Pinheiro, me fornecu uma lembrancinha da Missa de 30º dia do Padre Fredeiro, celebrada na Alemanha, cujo texto consta:
"Gedenket im Gebet und beim Heiligen Oppfer des Hochwürdigen Herrn
Pater Fritz Nierhoff
Missionar von der Heiligen Familie
General vicar und Pfarrer im Bistum Floresta/Brasilien
* 26.Januar 1916 + 31.oktober 1975
Pater FRITZ NIERHOFF
Wurde am 26.Januar 1916 als achtes Kind des Gastwirts Hermann Nierhoff und dessen Gattin Adolfine in Gelsenkirchen geboren. Nach einer erfolgreich abgeschlossenen Schulausbildung began er mit seinen theologischen Studien an den Missionsschulen in Oberhundem, Lebenhan und in Grave/Holland.
Am 8.9.1936 SchloB er sich durch sein erstes Ordensgelübde der Kongregarion der Missionare der Heiligen Familie an.
Noch als Theologiestudente MuBte er am 7.3.1938 wegen der politischen Unwägbarkeiten des Dritten Reiches die Heimat verlassen und setzte seine Studien in Brasilien na den Priesterseminaren in Recife und Crato fort. Dort wurde er dann auch 1.5.1941 zum Priester geweiht. Er war somit der erste und über 30 Jahre lang der einzige aus seiner Heimatgemeinde Heiligen. Dreifaltigkeit in Gelsenkirchen-Haverkamp hervorgegangene Priester.
Sein tatkräftiger Einsatz in der Seelsorge und seine menschliche Art kennzeichnen seine missionarische Arbeit in Brasilien und lieben ihn die Verehrung und Zuneigung seiner Mitbrüder, aber insbesondere auch dia Liebe der Gläubigen erwerben. In dieser ständigen Hilfe für die tiefsten Sorgen Nöte seiner ihm anvertrauten Gläubigen wurde er auch gleichzeiting zum Architekten, Ingenieur, Rechtsanwalt und Arzt.
Ebenso wie viele von ihm eigenhändig erbaute Schule, Krankenhäuse und Kirchen, so sind alle seine Mitbrüder und Gläubigen Zeugen dieser seiner autopferungsvollen und vielseitigen Arbeit.
Plötzlich und unerwartet rief der Herr über Leben und Tod seinen Diener am 31.10.1975 in Floresta/Brsilien zu sich die ewige Heimat. Sein To dist vieler Hinnsicht ein spürbarer verlust.
Um ihr Gebet für den lieben Verstorbenen bitten die Geschwister und anverwandten und die Missionare von der Heiligen Familie.
SELIG SIND DIE TOTEN,
DIE IM HERRN STERBEN
SIE SOLLEN AUSRUHEN
VON IHREN MÜHEN
DENN IHRE WERKE
FOLGEN IHNEN NACH"
Carlos Eduardo Esmeraldo
ResponderExcluirFui um admirador do Padre Frederico e gostava de participar das missas por eles celebradas, pois não eram muito compridas. Tinha vez que em 10 minutos ele terminava a celebração. Um recorde. E depois iamos brincar naquele parquinho. Certa vez ouvi um detalhe interessante sobre um episódio envolvendo a família do Padre Frederico. O Monsenhor Monternegro estava no Rio de Janeiro paricipando de um retiro pregado por um sacerdote alemão. Este ao saber que o Monsenhor era do Crato, entregou-lhe uma encomenda que uma irmã do Padre Frederico lhe enviara da Alemanhã. Disse ele que o pedido para o transporte dessa encomenda se dera da seguinte forma: "O senhor vai ao Brasil? Faça-me o favor de levar essa encomenda para o o meu irmão, o Padre Frederico. Ele mora no Brasil, na cidade do Crato. O padre lhe disse que a viagem seria ao Rio de Janeiro, não iria ao Crato. E a irmã insistiu, lá é pequeno, todo mundo se conhece." Por uma feliz coincidência, era mesmo!
Magali de Figueiredo Esmeraldo
Parabéns por esta homenagem feita ao Padre Frederico. Tenho um carinho especial por ele, pois fez parte da minha infância. Eu morava bem próximo a Igreja de São Vicente, estudei no Instituto São Vicente Férrer, assistia todas as missas lá, e todas as noites ia para a benção do Santíssimo, além de ter frequentado o catecismo da paróquia. Com certeza ele ajudou na minha formação cristã e sou agradecida. Ele era amigo do meu pai e de todos os paroquianos. Era alegre, um padre moderno e trabalhou para promover a justiça social, como deve ser o discípulo de Jesus. Muitas vezes meu pai nos levava para passar o domingo na piscina de Ernani Silva. Todos se admiravam que sem batina, e de bermudas,o Padre Frederico tomava cerveja e se divertia como todo mundo. Nessa época não existia os clubes Grangeiro, Serrano etc. Então seu Ernani convidava os amigos para o banho de piscina. O Crato tem um dívida de gratidão ao Padre Frederico, por tudo que ele fez.
Socorro Moreira.
ResponderExcluirFiz o curso primário num Instituto Educacional fundado pelo Pe. Frederico:
Instituto São Vicente Férrer. Invariavelmente , toda semana ele marcava sua presença de "inspetor" , jogando balas para a criançada , na hora do recreio. Tinha um vozeirão que transmitia moral e amor ao mesmo tempo.
Aos domingos era de praxe assistirmos a missa das 9 h da manhã, na Igreja de S.Vicente, celebrada pelo Pe.Frederico.
Cantávamos com ele... Momentos inesquecíveis !
Os sermões ficaram marcados , nas nossas memórias. Puxava delicadamente , mas literalmente, as orelhas dos fieis.
Grande administrador, com certeza !
Ele arrecadava dinheiro na grande festa anual do mês de junho:
Quermesse, leilão , bingo ... Nove noites de novena. Umas das minhas melhores lembranças de infância . As prendas comestíveis em papel celofone, os cachos de bananas, as cargas de rapadura...Valia até sabonete " alma de flores" , e grades de cerveja. Não perdia uma única noite. Meu pai apreciava essa festa, e a minha mãe como "filha de Maria" , coloborava na organização.
Pe. Frederico frequentava a nossa casa, nas reuniões familiares. Aceitava um copinho de cerveja , e alegrava o ambiente com sua espirituosidade.
Por tantas lembranças , e o grande respeito e saudade que nutro por essa figura amiga e eclesiástica, confesso que chorei.
Elmano Rodrigues Pinheiro.
ResponderExcluirO Padre Frederico foi um marco na história religiosa do Crato. Aos domingos a missa dominical era o coroamento de uma semana, e abertura para mais uma cheia de amor, paz, e esperança.
Ser católico foi uma benção recebida da mão de um dos mais importantes pregadores que o Estado do Ceará teve a honra de tê-lo, Padre Argemiro, que calçando as sandálias da humildade, ia abrindo corações e mentes, levando o lado bom da vida.
Quanta saudade de um tempo em que a igreja, era a luz que nos encaminhava em direção a um mundo de fé, esperança, e caridade.
Essa sua homenagem ao padre Frederico, foi uma benção à todos aqueles que tiveram a oportunidade,e a sorte de o terem conhecido.
Joaquim Pinheiro.
ResponderExcluirExcelente seu trabalho de relembrar grandes figuras que deixaram marcas positivas na nossa cidade. Fica o registro para quem não conheceu o vigário pessoalmente. Ter sido Coroinha da Igreja S. Vicente durante 6 anos, aliado à grande amizade do meu pai com o sarcedote, me deu o privilégio de acompanhá-lo em muitas ocasiões. Ainda hoje me impressiono com a quantidade de ações por ele desenvolvidas. Sabia "tirar leite de pedras", com muito pouco, fazia muito. Certa ocasião, quando entregava uma casa a uma família no Sítio Currais, ouvi um popular dizendo para outro "este Padre é capaz de, com um limão, fazer uma cocada". Há pouco tempo, em um evento social, meu irmão (Zé Almino Pinheiro) foi abordado pelo ex-secretário da saúde de Pernambuco, Dr. Gentil Porto. Sabendo que era cratense, o médico queria falar sobre o Pe. Frederico e saber detalhes da passagem dele pelo Crato. Informou que começou sua vida profissional em Floresta e o Padre o ajudou muito, a ponto de sua gerência merecer destaque no cenário da saúde estadual.
O escritor J. de Figueiredo Filho, no jornal "Gazeta de Noticias", escreveu a seu respeito, num artigo intitulado : Pe. Frederico, um Vigário Modelo, desconheço um brasileiro mais autentico do que ele e que tenha mais amor a terra adotiva. É o modelo de vigário em todas as suas facetas positivas, integrou-se aqui de corpo e alma, à sua paróquia. Nenhum outro sacerdote de meus conhecimentos teve, no entanto, maior convivência com os pobres, ajudando-os e orientando-os para uma vida melhor do que aquele sacerdote de altura descomunal, louro, forte e tão viceralmente nordestino. Seu falar meio arrevessado, é cheio de gírias da região. Nas homilias, nos sermões, expressa-se na linguagem que o povo entente.
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