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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


sábado, 10 de dezembro de 2016

Dom Bertrand de Orleans e Bragança: "O sentimento monárquico nunca esteve tão vivo como agora"

Fonte: entrevista concedida ao jornal “O Povo”, de Fortaleza

Segundo na linha sucessória, primeiro na família imperial entre os que defendem com mais força a restauração da monarquia no país. Eis Dom Bertrand de Orleans e Bragança
Perfil

Dom Bertrand tem oito nomes e dois sobrenomes. A citação de todos é extensa demais para um texto jornalístico e incomum o suficiente no Brasil para ser deixada de lado em introduções oficiais e informais. Facilita-se apresentações e se arranja o primeiro nome com os sobrenomes: Dom Bertrand de Orleans e Bragança. O príncipe, pois, não tem trono a herdar, nem filhos a quem passá-lo. Celibatário, o que o bisneto da princesa Isabel possui é o sangue da Casa Imperial e vida devotada unicamente à causa monárquica. Não ter “obrigações de família” nem ser o herdeiro direto do trono – é o segundo na linha de sucessão, precedido pelo irmão, Dom Luís Gastão –, acredita, lhe dão “muito mais liberdade” para se dedicar à “restauração católica e monárquica” do Brasil.

O POVO - Como o senhor avalia o momento do País?

DOM BERTRAND - Nós estamos num momento muito interessante. Porque, a impressão que tinha é que o Brasil ficaria atolado nesse governo que introduziu um verdadeiro caos na nação. Que é o PT.  E o problema do PT não era só a corrupção. O problema do PT é que tinha uma agenda de reforma do Estado que, a realizar-se, iria transformar o Brasil em um país perfeitamente comunista. Quando o Lula tomou o poder, o José Dirceu, chefe da Casa Civil, no seu discurso de posse disse claramente: nós temos um projeto de governo pra 30 anos. Nosso objetivo é construir um País socialista.
O Lula confirmou isso em uma entrevista que deu ao jornal ‘El País’ de Madrid. Ele disse a mesma coisa: o objetivo é fazer do Brasil um país socialista. Essa corrupção toda que houve havia muito desejo pessoal de enriquecer, tirar proveito, mas sobretudo fazer caixa para poder segurar o Congresso e fazer o projeto socialista deles avançar. Eles entraram já com o PNDH-3 (Plano Nacional de Direitos Humanos), que graças a Deus fracassou. A Dilma, depois, tentou um outro projeto semelhante que também graças a Deus fracassou. O que eles não contavam é que no Brasil houvesse uma reação. O brasileiro é infenso a isso. Não gosta disso. O brasileiro é a favor da propriedade, da religião, da família e etc. E ainda levaram a coisa longe demais. Depois, com a questão do mensalão, petrolão, esses... Lava Jato, o brasileiro deu conta de que “nós estamos sendo saqueados”. E aí, o Brasil autêntico saiu às ruas.

OP - O senhor acha que o momento que descreveu do País, com o PT, se deve também ao sistema e à forma de governo praticados no Brasil? a República não funciona?

DOM BERTRAND - Não funciona. Você imagina uma empresa que, a cada 4 anos, muda tudo. Toda a estrutura, de cima abaixo. Funciona? Me lembro que uma vez, nos EUA, dei uma palestra que não era sobre Monarquia. Mas ao fim, fizeram algumas perguntas, uma das quais foi sobre Monarquia. E eu expliquei porque era monarquista. Acho a Monarquia em tese superior à República por tais, tais, e tais coisas. E aí um empresário presente, grande empresário, muito rico, levantou a mão e disse que não concordava. Ele disse que achava a República superior por duas razões: na República, o povo escolhe livremente o Chefe de Estado. Em segundo, na República qualquer um pode ser presidente. Na verdade, porém, o povo numa República não escolhe absolutamente nada. Nem nos EUA, nem aqui no Brasil. O máximo que nós fazemos é votar. Referendar entre dois ou três candidatos, escolhidos pelas convenções dos partidos, escolha dos  grupos do poder, que dominam os partidos políticos, e impõe suas escolhas de cima para baixo. Nós não escolhemos nada. Votamos em que foi escolhido pela cúpula partidária. Um decisão vinda de cima para baixo que o povo apenas referenda. 

OP - E é possível restaurar o Império? No plebiscito de 1993, apenas 13% votaram a favor da monarquia.

DOM BERTRAND - Foram 13% dos votos validos. O que faltou naquele momento foi informação. Se existe uma corrente política teve seus direitos cassados por 99 anos fomos nós, os monarquistas. A República nasceu – o decreto número 1 da República prometia no art. 7º uma “consulta popular”. Previa-se que o povo deveria ser ouvido se de fato queria República ou continuar com a Monarquia. Em vez de fazer o plebiscito, alguns dias depois, o decreto número 85 da República pôs a Monarquia fora da lei. Ficamos com os direitos políticos cassados até o dia 3 de outubro de 1988, quando entrou em vigor a atual constituição, que revogou a limitação dos nossos direitos políticos. Foram 99 anos de deformação da história pela República. Toda a máquina governamental era contra (a Monarquia), grande mídia contra e, apesar disso, 13% da população votou na Monarquia, com esse aspecto muito interessante: em todos os debates, com um plebiscito simulado, vencia a monarquia.

OP - Os símbolos da monarquia ainda fazem parte do imaginário das pessoas?

DOM BERTRAND - A índole do povo é monárquica, porque a ordem natural das coisas é monárquica. As crianças nascem monarquistas e depois vão sendo corrompidas  pelo falso ideologismo e ficam republicanas. Mas o interessante é que hoje no Brasil de 2016 o governo monárquico está muito mais vivo do que estava em 1993, quando houve plebiscito. Em toda parte do Brasil, de norte a sul, o sentimento monárquico está renascendo na juventude. Até alguns anos atrás, havia, por ano, apenas um encontro monárquico no Brasil: no Rio de Janeiro, em junho, que coincidia com o aniversário de Dom Luiz, meu irmão, chefe da Casa Imperial. Esse ano de 2016 já fizemos vários encontros monárquicos no Rio, em Minas Gerais, Porto Alegre, Curitiba, aqui em Fortaleza. Nunca o sentimento monárquico esteve tão vivo. E o público que participa desse sentimento monárquico onde está renascendo tem maioria na juventude.


Comentário de Armando Rafael:  Palavras verdadeiras e lúcidas!  A entrevista do Príncipe  é longa. Uma página inteira. A grande imprensa parece que está dando mais espaço para a discussão do caos da “ré-pública” brasileira.
Outro fato relevante a ser considerado é a hipótese de os  detentores do poder tentarem impedir a Justiça de agir para apurar a “Operação Lava Jato”, que está passando a nação a limpo. Aí seria  o fim desta comédia que se arrasta há mais de um século...

A propósito, veja esta frase de Santo Agostinho: "Afastada a justiça, o que são os reinos senão grandes bandos de ladrões? E os bandos de ladrões o que são, senão pequenos reinos?" (Santo Agostinho, Bispo de Hipona, in "A cidade de Deus", finais do século IV d.C.).
Outras palavras verdadeiras... e lúcidas!

2 comentários:

  1. Estou certo que a unica opção que resta ao brasileiro é a grandeza nobre e firme da monarquia. Lembrei-me do poeta Bidim, um varzealegrense porreta que escreveu a estrofe abaixo :

    A noite quando me deito,
    Fico a sonhar no meu leito,
    Com o Brasil dos Andradas,
    Ali a honestidade nascia do coração,
    O roubo e a corrupção,
    Hoje, é quem nasce primeiro,
    Em cada dez brasileiros
    Tem oito ou nove ladrão.

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  2. E, por falar em Santo Agostinho, vou lembrar uma frase de sua mãe, Santa Monica :

    "Cada dia é uma moeda que Deus nos dá para comprarmos a sua gloria".

    O Pajé, o Cara segundo o frajola Obama, o bandido Lula da Silva perdeu as moedas que Deus lhe deu e as que roubou.

    Triste fim.

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