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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Ministra Carmen Lucia homologa delações - Breno Pires e Rafael Moraes Moura



Ministra Carmen Lúcia homologa as 77 delações da Odebrecht. Presidente do STF, contudo, decidiu manter o sigilo dos depoimentos dos executivos e ex-executivos da empresa.

A decisão de Cármen Lúcia foi tomada uma semana após a ministra autorizar a continuidade do trabalho da equipe do ministro Teori Zavascki, morto no dia 19, que já tinha agendado audiências com os 77 delatores. Tais encontros são procedimentos necessários para checar se os acordos foram feitos de espontânea vontade, sem coação, e se os delatores estavam de acordo com as penas negociadas. As últimas audiências aconteceram sexta-feira. No mesmo dia, o juiz-auxiliar Márcio Schiefler, braço direito de Teori na condução dos processos Lava Jato, entregou todos os documentos a Cármen.

A ministra passou o fim de semana debruçada sobre o material, no gabinete presidencial do Supremo, em comunicação com a equipe de Teori. Antes do acidente aéreo, Cármen Lúcia vinha mantendo estreito contato com Teori Zavascki, principalmente, no período de plantão do STF. Cármen acompanhava as delações e sabia como as coisas estavam caminhando.

Uma vez que o processo segue para a PGR, Cármen Lúcia ganha mais tempo para decidir de que maneira determinará a redistribuição da relatoria dos processos ligados à Operação Lava Jato. Há possibilidades diferentes dentro do regimento do Supremo. A hipótese de o novo ministro assumir a relatoria da Lava Jato é remotíssima, porque o presidente Michel Temer já afirmou que esperará o STF definir um novo relator, antes de nomear o novo ministro. A tendência é que haja um sorteio entre ministros, mas não se sabe se a ministra vai optar por fazê-lo entre os nove integrantes da Corte ou apenas entre os que compõem a Segunda Turma do STF, da qual Teori fazia parte.

O pedido de urgência da PGR ao STF para que homologasse as delações não trazia, em si, o requerimento de que o sigilo dos processos fosse removido. Para que o conteúdo das delações seja tornado público, é preciso um pedido da PGR. Em encontro com senadores e deputados federais no mês passado, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, disse que pediria a retirada do sigilo das delações após a homologação. Cabe a Janot decidir se irá pedir o fim do segredo de justiça ou se vai esperar que o novo relator dos processos relacionados à Lava Jato seja apontado.

Repercussão. Em nota à imprensa, o presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Claudio Lamachia, disse que a homologação da delação de 77 executivos e ex-executivos da empreiteira Odebrecht é um “ato de justiça” que mostra à sociedade brasileira que o julgamento do esquema de corrupção investigado no âmbito da Operação Lava Jato “não será interrompido”.

“A homologação é um ato de justiça não apenas à memória do ministro Teori Zavascki, mas de garantia à sociedade de que o julgamento da Lava Jato não será interrompido ou mesmo atrasado, beneficiando corruptos e corruptores”, disse Lamachia.

Pauta. Cármen Lúcia também definirá nesta segunda-feira a pauta de julgamento da primeira sessão do plenário no ano. As oito ações de relatoria do ministro Teori Zavascki que estavam previstas para julgamento serão retiradas, e a tendência é que a sessão seja mais curta, mas existe a chance de outros processos serem incluídos, especificamente, alguns que já tiveram julgamento iniciado mas foram suspensos por pedidos de vista — quando um ministro pede mais tempo para análise antes de votar.

Um comentário:

  1. “Se presidentes da República, senadores e governadores de estado se corromperam e estão incriminados, por que os ministros dos tribunais superiores (que foram indicados, escolhidos e nomeados por esses mesmos políticos corruptos) não se corromperiam? Vieram, por acaso, da Finlândia, da Suécia, de Marte?”.

    A pergunta, lógica e inquietante, faz parte de um artigo enviado a O Antagonista por Jorge Pontes, delegado federal aposentado.

    Pontes trabalhou por 32 anos na Polícia Federal, foi diretor da Interpol no Brasil e serviu como membro do Comitê Executivo da Interpol, com sede em Lyon na França.

    Segundo ele, "todo grande golpe, toda máfia, tem sua 'equipe de limpeza'".

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