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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

A imagenzinha da Mãe da Boa Viagem – por Armando Lopes Rafael


Viajo assiduamente para Belo Horizonte, a capital de Minas Gerais. Hospedo-me num hotel a meio quarteirão do Palácio da Liberdade, também próximo da catedral de Nossa Senhora da Boa Viagem, Padroeira de Belo Horizonte.
Aliás, a devoção a Nossa Senhora da Boa Viagem antecede à fundação de Belo Horizonte, ocorrida em 1897. Esta devoção vem do tempo do início da Vila do Curral del Rey, por volta de 1765, quando (no local onde se ergue hoje Belo Horizonte) foi construída uma Igreja em honra da Virgem da Boa Viagem. No final do século 19 resolveram construir Belo Horizonte, mas os novos habitantes mantiveram Nossa Senhora da Boa Viagem como sua Rainha e Padroeira.

O povo se apega muito às imagens representativas dos seus santos. O cratense, por exemplo, é muito apegado à pequenina estátua da Mãe do Belo Amor.
Voltemos à padroeira dos católicos de Belo Horizonte. Esta devoção permanece muito viva nos dias atuais.  Quando da construção da nova capital das Minas Gerais, as autoridades mandaram derrubar a capelinha primitiva da vila, que tinha o poético nome de Curral del-Rey. No local ergueram uma bela catedral em estilo neogótico.

A destruição da capelinha não passou sem protesto. Afonso Arinos de Melo Franco, um dos maiores políticos brasileiros e um dos mineiros mais ilustres, no ano de 1927, revoltado com a demolição da igrejinha, escreveu e publicou o poema abaixo:

 A igreja de Nossa Senhora da Boa Viagem
 (que lindo nome para um barco à vela!)
Foi construída em 1765
Por ordem do senhor capitão-mor das Minas
Para os povos do Curral del-Rey.
Nessa igrejinha de janelas verdes
Eu me batizei.
No mês de Maria enfeitava-se a nave com folhas de manga
E as meninas cantavam em coro:
“No céu, no céu, com minha mãe estarei. ”
No ano de 1925, o Sr. Diretor de Obras
Deitou abaixo a Matriz da Boa Viagem
(Que lindo nome para um cemitério!)
E se construiu no lugar dela
Uma catedral gótica, último modelo.
Eu achei que foi bobagem,
Mas o povo de Minas disse que era progresso.”
             

Um comentário:

  1. Armando Rafael - cada dia tenho mais motivos e razões para acreditar e venerar a Mãe da Boa Viagem. Nos últimos dias ela nos concedeu grande graça. Com sua mão divina abençoou e livrou nossa família de grandes aflições. Graças a Deus tudo está bem, voltando a normalidade.

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