Expostos na vitrine da Lava Jato, os partidos políticos reagem às investigações que os desmoralizam com uma naturalidade hedionda. A reação faz lembrar um fenômeno que a filósofa alemã Hannah Arendt chamou de “a banalidade do mal”.
A penúltima evidência do fenômeno foi fornecida pelo presidente do PT, Rui Falcão. Ele defendeu num artigo que a liminar do ministro do STF Marco Aurélio Mello que libertou o ex-goleiro Bruno deveria ser, por assim dizer, estendida aos presos petistas da Lava Jato. Para ele, deveriam ser soltos imediatamente José Dirceu, condenado a mais de 20 anos de cadeia, João Vaccari, condenado a mais de 34 anos, e Antonio Palocci, uma sentença esperando na fila.
O brasileiro gosta de se iludir. Costuma imaginar que o Brasil nunca mais será o mesmo depois de cada grande escândalo. Mas o mesmo sempre volta. Os mesmos políticos viscosos, a mesma grandeza da vista curta, a mesma generosidade dos interesses mesquinhos. Tudo protegido pela conveniência dos interesses partidários e pela leniência do eleitor.
O PT não é a única legenda a se render à banalidade do mal. Outros partidos reagem às delações, aos inquéritos e às denúncias com profunda normalidade. Ninguém expulsa ninguém. Pior: algumas das principais legendas do país, como PMDB e PSDB, são presididas por políticos processados no Supremo Tribunal Federal. Costuma-se dizer que há muita gente honesta na política. O problema é que quem olha não distingue culpados de inocentes. Só enxerga uma massa uniforme de cúmplices.
O principal cúmplice desse Bloco dos Sujos é o STF que não julga, não aplica e lei.
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