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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


quarta-feira, 24 de maio de 2017

Coisas da República: Ameaças e agressões ontem no Senado Federal

Na Monarquia o Senado do Império era uma escola de estadistas; na República da Lava Jato o Senado virou uma casa de negócios e brigas de vandalismo
Fonte Agências de Notícias
Senado do Império: Homens de bem debatiam civilizadamente as crises
Senado da República: palavrões e brigas! Senadores se agridem, manifestantes protestam e sessão sobre reforma é suspensa

Senadores da base aliada e de oposição se envolveram em tumulto com os dedos uns contra os outros. Manifestantes que acompanhavam a reunião gritavam palavras de ordem dentro do plenário. Após intenso bate-boca e muito nervosismo, o presidente da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, Tasso Jereissati (PSDB-CE), desistiu de retomar a reunião em que estava prevista a leitura do relatório sobre o projeto de lei da reforma trabalhista. Jereissati deu como lido o relatório e marcou a votação da reforma na comissão para a próxima terça-feira.

Antes, contudo, Jereissati tentou reabrir a reunião da comissão para a leitura do relatório após 50 minutos de interrupção, mas foi impedido pelos senadores de oposição. Exaltados, os senadores que se posicionavam contra a reforma puxaram os microfones do presidente – um dos aparelhos chegou a ficar avariado – e colocaram as mãos sobre a mesa, impedindo a continuidade dos trabalhos.

Queixa de agressões

Após a desistência de retomada dos trabalhos, os senadores da base aliada se queixaram de que houve tentativa de agressão por parte dos oposicionistas, que não aceitaram a derrota pelo voto. “Não podendo ganhar no voto, senadores e senadoras quiseram ganhar no braço, no grito”, disse o senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB). “Aqui só existe uma arma: a palavra. O que se viu foi a tentativa de impedir o funcionamento físico, por agressões físicas, por agressões verbais.”

Também no plenário, Tasso Jereissati fez ao presidente Eunício Oliveira um relato do que houve e disse que se sentiu fisicamente ameaçado e injuriado tanto por senadores quanto pelos manifestantes que estavam dentro da comissão.

“Não lamento por mim, lamento por esta Casa. E chamo Vossa Excelência [Eunício Oliveira] à responsabilidade, porque isso não pode acontecer, porque acaba-se não só o que eles querem acabar, que é o governo – o que é outra questão –, mas acaba-se o Senado; acaba-se o Parlamento; acaba-se o contraditório; acabam-se as discussões; acabam-se, inclusive, as votações, e os vencidos não aceitam o resultado”, afirmou.

Em resposta, o senador Humberto Costa (PT-PE) alegou que houve agressões de parte a parte e pediu uma reunião de lideranças para superar os problemas ocorridos na CAE. “Esta aqui é uma Casa, por excelência, política, e acho que tudo que aconteceu hoje, e posso falar aqui com autoridade, porque eu era um dos que estavam tentando serenar os ânimos, apesar de ter levado um empurrão de um senador da base do governo, que ficou apoplético lá. Então, houve agressões, de parte a parte, acho que este não é um bom caminho. Temos que superar este episódio”, afirmou.

Também em discurso, a senadora Gleise Hofffmann (PT-RS) disse que a oposição não vai aceitar a decisão de dar o relatório como lido. “Nós vamos resistir, para não ler o relatório, até porque o senador que está apresentando o relatório [Ricardo Ferraço] tinha dito no seu Facebook que não apresentaria o relatório, porque estávamos vivendo tempos anormais, de crise, com o que aconteceu com o presidente da República [Michel Temer] e também com um senador [Aécio Neves (PSDB-MG), que foi afastado] desta Casa. Aí, depois muda de ideia, e vão para cima na força, para fazer a leitura de um relatório”, alegou.


2 comentários:

  1. Segundo José Celso de Macedo Soares: “O Senado do Império sempre foi o celeiro dos grandes nomes que foram à base das instituições brasileiras, à época. Para só citar alguns nomes que fazem parte da História do Brasil: João Alfredo Correa de Oliveira, Princesa Isabel, José Bonifácio de Andrada, Visconde do Rio Branco, José de Alencar, Eusébio de Queiroz, Teófilo Otoni, Joaquim Nabuco, Regente Diogo Feijó, e a lista seria tão extensa que não caberia neste espaço. De iniciativa do Senado partiram as grandes leis que moldaram nossa história, sobressaindo-se a maior de todas: a que aboliu a escravidão.
    Chegamos à Republica. Modificação profunda. Com a eleição do mesmo número de senadores por Estado - dois no inicio e agora três – O Senado passou à função nobre de representar a Federação Republicana, supostamente criada em 1891 e, até agora sem funcionar plenamente”.
    Hoje temos senadores do naipe de Delcídio do Amaral, Renan Calheiros, Romero Jucá, Gleisi Hoffmann, Lindberg Farias, Zezé Perrella, dentre outros...

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  2. O que se viu ontem no senado foi o contrário do normal em todo regime democrático. A minoria querendo tratorar a maioria. Onde já se viu. Mas, a maioria sempre deu corda e permitiu que esses bandidos inconformados fizessem o seu espetáculo. Não se pode dar corda a anarquistas, pilantras e bonequeiros.

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