Em 1953, a Revista Folha da Semana, publicou uma das mais belas obras literárias da autoria de Alves de Oliveira. Crato, um soneto da mais fina qualidade. Tenho repetido sua publicação na esperança que algum historiador ou memorialista tenha informações do autor.
Tanto me afiz bela urbe, a tua natureza
Pelos meus respirada, exuberante e pura,
Que, ausente dos teus céus, nas horas de ternuras
Afloras-me ao cismar, bem fadada princesa.
Venho as auras haurir-te. E ao ver-te, que leveza
Blandiciosa me invade, e se aviva, e perdura,
Sentindo-me ingressar na região da fartura.
Sentindo-me extasiar na zona da beleza.
E o Cristo Redentor, e as torres, e a serena
Verdura a emoldurar-te... Em fim, para que a pena
Deslize no papel, feliz, ágil, fagueira.
Basta-me a aparição, na tarde que se encerra
De uma casa a alvejar num côncavo de serra
Ou o simples flabelar de um leque de palmeira.
Um belo soneto. Uma obra prima.
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