Páginas


"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


domingo, 16 de julho de 2017

Humildes reflexões sobre a conjuntura política do Brasil – por Armando Lopes Rafael (*)



   O domingo amanheceu com um sol convidativo a curtir o dia, portanto propício a algumas reflexões. 16 de julho é o dia consagrado a Nossa Senhora do Carmo. Desde a juventude recebi das mãos de um sacerdote o Escapulário do Carmo. E o conservo no pescoço há 49 anos.

    Mas o que queria mesmo era externar algumas reflexões, oriundas da enxurrada de mensagens recebidas no Whats App, desde que Lula foi condenado – pelo juiz Sérgio Moro – a nove anos e meio de prisão, por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Petistas raivosos postam mensagens afirmando que Lula foi condenado sem provas. Também o goleiro Bruno foi condenado sem provas, pois o cadáver de Elisa Samudio jamais apareceu. E nunca vi cena de solidariedade ao goleiro condenado sem prova.

   O que restou para a esquerda brasileira foi improvisar uma solenidade de apoio ao ex-presidente. A atmosfera do ambiente mais parecia um velório. Basta olhar a expressão dos olhos melosos do deputado José Nobre Guimarães.

   Aliás, a condenação de Lula, por Sérgio Moro, deixou uma grande lição para esta república caótica. Ninguém está mais acima da lei mesmo com o Brasil em frangalhos. Acabou o tempo em que os poderosos não enfrentavam a Justiça. Restou a Lula apenas fingir que é vítima, encenando uma comédia de perseguido político que não vai levar a nada. Lula não é mais aquele líder que a maioria dos brasileiros achava que ele era. “Deu xabu”, como se dizia antigamente.

   Alegam os seguidores de Lula – ainda no Whats App – que a troca de parlamentares na Comissão de Constituição e Justiça–CCJ, da Câmara Federal, para rejeitar a abertura de processo contra o Presidente da República é uma manobra ilegal. Não tenho simpatias por Michel Temer, mas – infelizmente ou felizmente – não há nenhuma ilegalidade nisso, como definiu amplamente o Supremo Tribunal Federal em recursos feitos nos governos Lula/Dilma.

     Também não entendo porque atacam tanto Michel Temer se ele é oriundo da chapa que elegeu Dilma Rousseff, em duas eleições. Ora, quem votou em Dilma automaticamente votou em Temer. Tinha até a foto dele na urna eletrônica quando a opção era votar em Dilma. Eu, por exemplo, nunca votei em Temer porque nunca votei em Dilma. Como bem afirmou um leitor de um jornal de São Paulo: “Os esquerdistas que hoje apedrejam Temer sãos os que, usando as mesmas pedras, ajudaram a pavimentar o descaminho dos 13 anos da roubalheira petista”.

       No mais, os episódios da semana apenas ratificam uma verdade que a maioria finge não ver: a República Federativa do Brasil chegou ao fundo do poço.
(*) Armando Lopes Rafael, historiador.

Um comentário: