Março de 1965, primeiros dias de aula do Ginásio São Raimundo, o da antiga Rua Getúlio Vargas em Várzea-Alegre.
Adentra na sala o jovem professor de português, cumprimenta a turma, faz chamada, abre o livro nas primeiras paginas e indica a tarefa de casa.
Aprender o poema Deus do Casimiro de Abreu para, no outro dia, ser recitado em classe.
Passei a noite queimando pestanas a luz de lamparina no Sanharol. No outro dia, foi uma comedia, poucos recitavam com a precisão que se desejava. Não fui chamado a fazer. Tive sorte.
O nobre professor era o meu amigo, parente e camarada Tibúrcio Bezerra de Morais Neto.
Deus - Casimiro de Abreu
Eu me lembro! Eu me lembro! - Era pequeno
E brincava na praia; o mar bramia,
E, erguendo o dorso altivo, sacudia,
A branca espuma para o céu sereno.
E eu disse a minha mãe nesse momento:
"Que dura orquestra! Que furor insano!
Que pode haver de maior do que o oceano
Ou que seja mais forte do que o vento?"
Minha mãe a sorrir, olhou pros céus
E respondeu: - Um ser que nós não vemos,
É maior do que o mar que nós tememos,
Mais forte que o tufão, meu filho, é Deus.
Foi assim mesmo. Sem mais nem menos.
ResponderExcluirGosto muito destes artigos que falam do passado e das pessoas que vivenciaram os fatos antigos. Tenho vários livros sobre a História de cidades. É gostoso de lê e nos transporta para aqueles tempos.
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