Nessa minha caminhada de comentarista esportivo, notei sempre que, quando da abordagem de assuntos da podre estrutura do futebol brasileiro, ocorriam dois tipos de reação.
Uma revelava desinteresse total pelo tema. Uma outra apontava para o fato de que, pela nossa irrelevância, se dedicar ao assunto não tinha a menor importância ou conseqüência.
Isto é, os problemas da incompetente gestão do futebol nacional não seriam para o nosso bico.
Nos últimos anos, os debates radiofônicos ou televisivos, em função dos escândalos envolvendo ladravazes como Marin,Ricardo Teixeira e, agora, Del Nero, banido por 90 dias do futebol, abriram um pouco mais de espaços para questões de tanta importância.
Quando bradava por um calendário esportivo racional me sentia falando para uma platéia de surdos. Muitas vezes, suportava argumentações ridículas.
Por exemplo: jogador de futebol é pago para jogar e só faz isso na vida. Tem que jogar, de preferência, todo dia.
Quanto às competições, que engolem umas às outras, a imbecil conclusão de que quanto mais jogo, melhor.
Isso só se explicava por alguma espécie de tara por futebol ou outro desvio.
Uma emulação completa com a insanidade de dirigentes da CBF, federações e clubes que chamam de calendário esta carnificina imposta aos profissionais da bola.
Esta semana, dirigentes de Ceará e Ferroviário e jogadores, apoiados pelo sindicato da classe, conseguiram dar um freio nesse massacre, adiando jogos de uma data do campeonato estadual.
Chegaram à uma situação de paroxismo e pediram um arrego temporário.
Mexida meramente cosmética mas que serve para alertar que, desse jeito absurdo, não dá para continuar.
É difícil até se saber por qual competição as partidas estão sendo disputadas – campeonato estadual, Copa do Brasil ou Copa do Nordeste.
Coisa de aloprados.
O Brasil tinha tudo para ser um espetáculo mundial do futebol. Tem os melhores jogadores do mundo, porém o crime está tomando conta dos dirigentes e dos torcedores.
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