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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


quarta-feira, 17 de janeiro de 2024

089 - O Crato de Antigamente - Antônio Morais.


Joaquim Alves Correia, Noventa - Dr. José Flávio Pinheiro Vieira.

"Distante do cotidiano, reminiscências vivificam fatos desconhecidos pelos jovens. Assim, o artiguete Chapeado nº 18, aqui publicado, despertou lembranças de vários ledores. Daqui e do Interior. A senhora Edith Pinheiro, cratense, lembrou-se de Joaquim Alves Correia, nascido em Assaré e adotante do Crato para viver. Fez-se o Chapeado nº 90 ou, somente "Noventa", figura popular na terra do Padre Cícero. Tornou-se querido por todos.

Adentrava as residências, dada a profissão. Muito observador e não menos crítico. "Pobre, 'arremediado' e rico têm a mesma mania esquisita. Botam os santos pra ver seus bate-coxas e escandelícias. Com os oratórios e os crucifixos na alcova". Apesar de pouco letrado, lia revistas usadas. César Pinheiro, pai de nossa informante, dava-lhe, costumeiramente, O Cruzeiro e Manchete. Numa das ocasiões, juntou algumas mais na dádiva. Dia seguinte, Noventa devolveu duas. "Seu César, num teve diacho que lesse! As letras tão tudo misturadas!". Eram periódicos da Checoslováquia.

Na facilitação de entregas, usava um carrinho. E, na frente, escreveu: "Uma mão lava a outra". Um gaiato, leu e perguntou: "E as duas?". Pronta resposta: "O fiofó de sua santa mãezinha!". Casou-se três vezes. Povoou o Crato com dezenove filhos. Maria Vicência foi a última esposa. Foto circunspecta do casório, na posse de Edith, bem poderia ilustrar o Blog do Crato, em matéria que indico, de autoria de José Flávio Vieira, sobre o "sanguíneo, atarracado, delicado e com voz de barítono". Joaquim faleceu em 18/02/1994, entrando na história mítica local. Em futuro, outros chapeados citaremos".

11 comentários:

  1. Noventa um digno representante do humor, da graça e folclore do Crato.

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  2. Chapeado nº 90

    Li, com muito gosto, artigo do advogado Geraldo Duarte sobre a figura do “Chapeado 90” (DN, 03-04-2018). O articulista resgatou um dos tipos mais populares da Cidade de Frei Carlos. O Cariri cearense foi (continua sendo) um celeiro de pessoas simples que deixaram suas marcas, nestas paragens emolduradas pela Chapada do Araripe. Poucos sabem que na língua indígena a palavra “Araripe” significa: “Lugar onde nasce o sol”.
    Pois o sol continua nascendo, aqui, para muitas pessoas humildes. Tempos atrás elas eram chamadas carinhosamente de “povinho”. Hoje usam (e abusam) do qualitativo” povão” para denomina-las.
    Nos baús das recordações, ainda preservados no Cariri, existem muitos tipos populares a serem resgatados. O Papa Pio XII escreveu que: “Existe diferença entre o povo e a multidão amorfa” (a massa). "O povo – recordava o Pontífice – vive e move-se por vida própria; a massa é em si mesma inerte e não pode mover-se senão por um elemento extrínseco”. Ou seja, a massa espera o impulso que vem de fora e, por isso, torna-se joguete nas mãos de quem quer que a explore. No Brasil temos exemplos, de sobra, disso. O Chapeado 90 era parte do povo, não massa. É por isso que – depois de 24 anos da sua morte – ainda é lembrado...

    Armando Lopes Rafael
    Crato - Ceará

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  3. É...

    Tentei inserir um comentário, mas parece que está bloqueado para mim.

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  4. É...

    Ontem tentei e não deu certo. Agora testei e funcionou. Ôxe.

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  5. É...

    Chapeado 90, ou simplesmente 90. Conheci-o de muito perto. Era prazeroso ouvir suas histórias e suas respostas intempestivas diante de pessoas gracejadoras. Ele percebia a indireta e lascava uma direta, deixava o caba murcho ou encabulado. Era só não mexer com ele com a intenção de desprestigiá-lo. O homem era uma pessoa humilde, honrada e culta e essa cultura que ele possuía não foi adquirida nos bancos escolares, mas, no dia a dia de sua labuta.

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    1. As ruas são grandes escolas. É tão somenre, estar-se atento...

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  6. No bairro onde eu moro Pq Recreio tem uma com nome homenagem a noventa

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  7. Conheci o 90, inclusive uma filha dele foi minha colega no Estadual.

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  8. GRANDE FIGURA CHAPEADO 90. UM DOS DIZERES QUE ELE COSTUMAVA FALAR QUANDO PERGUNTAVA-MOS "VAI LEVANDO 90? ELE RESPONDIA EU NÃO LEVO CONDUZO." KKKKKKK. DEUS O TENHA NUM BOM LUGAR.

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