Das poucas bolas existentes no bingo que leva à escolha de vices para as chapas presidenciais de 2018, a bola mais cobiçada chama-se Josué Gomes da Silva. É filho do vice de Lula, José Alencar, de quem herdou um império têxtil com negócios no Brasil, Argentina, Estados Unidos e Canadá. Josué é um empresário respeitável que percorre a cena política puxado pelas mãos enlameadas de Valdemar Costa Neto. Mas ninguém parece se importar com esse detalhe.
Foi o mesmo Valdemar quem negociou, em 2002, a escolha de José Alencar, o pai de Josué, como número dois da chapa de Lula. A reunião que selou a transação aconteceu num apartamento de Brasília. Numa entrevista de 2005, Valdemar recordou: “O Lula e o Alencar ficaram na sala e fomos para o quarto eu, o Delúbio e o Dirceu. Eu comecei pedindo R$ 20 milhões para levar uns R$ 15 milhões.”
Valdemar acabou fechando com o PT por R$ 10 milhões, dos quais diz ter recebido R$ 6,5 milhões. Deu em cadeia. Agora, o ex-presidiário do mensalão encosta Josué na chapa de Alckmin depois de negociar com Lula e Bolsonaro, tendo refugado Ciro Gomes. Dono do PR, Valdemar puxa o cordão do centrão. Os líderes do grupo dizem que não almejam senão o melhor para o Brasil. Eles supõem que os eleitores são estúpidos. E encontram farta matéria prima.
Em tempo: Num almoço com Alckmin, nesta segunda-feira (23), Josué Gomes elogiou o candidato. Mas deixou-o à vontade para escolher outro vice. O tucano respondeu que a presença do interlocutor em sua chapa seria uma honra. Nesta terça, Josué reúne-se com o governador petista de Minas Gerais, Fernando Pimentel. A pedido de Lula, Pimentel tenta evitar que o filho de José Alencar, seu vice, se torne uma azeitona na empada de Alckmin. É grande a chance de Josué recusar a oferta para ser o número dois de Alckmin.
A interferência de Waldemar é ruim para o Josué, para o Alkimin e para o Brasil. Lugar de bandido é na cadeia.
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