Páginas


"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


sábado, 25 de agosto de 2018

Povo sem memória é povo sem história: nomes antigos das ruas de Crato --por Armando Lopes Rafael




"Um povo sem memória é um povo sem história.
E um povo sem história está fadado a cometer,
 no presente e no futuro, os mesmos erros do passado".
Emília Viotti da Costa  

    Começou, nos primeiros anos do século XX – por iniciativa dos vereadores desta cidade, e isso foi feito ao longo de várias legislaturas – o triste costume de mudança dos nomes das ruas e praças de Crato. Essas alterações sempre atenderam a interesses menores dos vereadores e foram feitas sem ouvir a população, resultando disso na destruição de denominações tradicionais, que eram preservadas por várias gerações de cratenses.

   Tenho em mãos um artigo publicado na Revista do Instituto do Ceará, com o título “Descrição da Cidade do Crato em 1882”, de autoria do Dr. Gustavo Horácio. Este escrito cita, a certa altura, o fato de que – naquele recuado ano – a cidade de Crato possuía 11 ruas, conhecidas por Ruas: de Santo Amaro, da Pedra Lavrada, das Laranjeiras, do Pisa, Formosa, Grande, do Fogo, da Vala, da Boa Vista, Nova e do Matadouro.

     No mesmo artigo, são nomeados os becos e travessas do Crato antigo, a saber: Travessas: do Cafundó, da Caridade, dos Candeia, da Matriz, dos Sucupira, de São Vicente, do Charuteiro, do Cemitério, da Ribeira Velha, do Barro Vermelho, da Califórnia, do Pequizeiro, da Taboqueira, das Olarias, da Cadeia e do Pimenta.      Infelizmente, a mudança voraz dos vereadores cratenses resultou na mudança dessas tradicionais, poéticas e curiosas denominações.

      Não sou contra a designação de nossas ruas com nomes de pessoas já falecidas. Apenas acho que deveriam escolher como patronos das nossas artérias urbanas pessoas que gozaram de bom conceito ou foram prestadoras de relevantes serviços à cidade e ao Brasil. E, principalmente, depois de a lei aprovada pela Câmara Municipal, os vereadores não poderiam mais mudar o nome de uma rua.          Ademais, não se justifica a mudança feita nas antigas e tradicionais denominações das ruas de Crato, apagando um pouco da história e da memória coletiva da Princesa do Cariri.

       Anos atrás, a Câmara de Vereadores de Independência – município localizado no Sertão dos Inhamuns, no Ceará – aprovou um projeto de lei, dispondo sobre a identificação de ruas, praças, monumentos, obras e edificações públicas daquela cidade. O projeto de lei passou a exigir – para qualquer mudança na denominação de ruas e praças – um pedido antecipado, contendo lista com assinaturas de pelo menos cinco por cento do eleitorado daquele município.

        Idêntica providência deveria ser adotada pela Câmara de Vereadores de Crato. Só assim acabaria a farra irresponsável da mudança indiscriminada dos nomes das ruas da Cidade de Frei Carlos...

Um comentário:

  1. São poucos os pontos onde se encontram informações de cultura e memória do Crato. Isso se deve ao total desinteresse da comunidade por conhecer, especialmente os mais jovens. Não sabem nada nem querem aprender. Parabéns por sua luta em defesa da historia.

    ResponderExcluir