"Um povo sem memória é um povo sem história.
E um povo sem história está fadado a cometer,
no presente e no futuro, os mesmos erros do passado".
Emília Viotti da Costa
Começou, nos primeiros anos do século XX – por iniciativa dos
vereadores desta cidade, e isso foi feito ao longo de várias
legislaturas – o triste costume de mudança dos nomes das ruas e praças
de Crato. Essas alterações sempre atenderam a interesses menores dos
vereadores e foram feitas sem ouvir a população, resultando disso na
destruição de denominações tradicionais, que eram preservadas por várias
gerações de cratenses.
Tenho em mãos um artigo publicado na Revista do Instituto do Ceará, com o título “Descrição da Cidade do Crato em 1882”,
de autoria do Dr. Gustavo Horácio. Este escrito cita, a certa altura, o
fato de que – naquele recuado ano – a cidade de Crato possuía 11 ruas,
conhecidas por Ruas: de Santo Amaro, da Pedra Lavrada, das Laranjeiras,
do Pisa, Formosa, Grande, do Fogo, da Vala, da Boa Vista, Nova e do
Matadouro.
No mesmo artigo, são nomeados os becos e travessas do Crato antigo, a
saber: Travessas: do Cafundó, da Caridade, dos Candeia, da Matriz, dos
Sucupira, de São Vicente, do Charuteiro, do Cemitério, da Ribeira Velha,
do Barro Vermelho, da Califórnia, do Pequizeiro, da Taboqueira, das
Olarias, da Cadeia e do Pimenta. Infelizmente, a mudança voraz dos
vereadores cratenses resultou na mudança dessas tradicionais, poéticas e
curiosas denominações.
Não sou contra a designação de nossas ruas com nomes de pessoas já
falecidas. Apenas acho que deveriam escolher como patronos das nossas
artérias urbanas pessoas que gozaram de bom conceito ou foram
prestadoras de relevantes serviços à cidade e ao Brasil. E,
principalmente, depois de a lei aprovada pela Câmara Municipal, os
vereadores não poderiam mais mudar o nome de uma rua. Ademais,
não se justifica a mudança feita nas antigas e tradicionais denominações
das ruas de Crato, apagando um pouco da história e da memória coletiva
da Princesa do Cariri.
Anos atrás, a Câmara de Vereadores de Independência – município
localizado no Sertão dos Inhamuns, no Ceará – aprovou um projeto de lei,
dispondo sobre a identificação de ruas, praças, monumentos, obras e
edificações públicas daquela cidade. O projeto de lei passou a exigir –
para qualquer mudança na denominação de ruas e praças – um pedido
antecipado, contendo lista com assinaturas de pelo menos cinco por cento
do eleitorado daquele município.
Idêntica providência deveria ser adotada pela Câmara de Vereadores de
Crato. Só assim acabaria a farra irresponsável da mudança indiscriminada
dos nomes das ruas da Cidade de Frei Carlos...
São poucos os pontos onde se encontram informações de cultura e memória do Crato. Isso se deve ao total desinteresse da comunidade por conhecer, especialmente os mais jovens. Não sabem nada nem querem aprender. Parabéns por sua luta em defesa da historia.
ResponderExcluir