Emerson Monteiro chega aos 70 anos
O auditório do Instituto Cultural do Cariri–ICC ficou lotado com os
muitos amigos e familiares de José Emerson Monteiro Lacerda. Este ganhou
uma festa-surpresa, na noite do último dia 29, por conta do 70º
aniversário de idade. Emerson, embora tenha chegado a Crato com 5 anos
de idade, nasceu em Lavras da Mangabeira, no dia 26 de março de 1949.
Emerson Monteiro é um homem plural. Desde a adolescência deixou marcas
de sua presença na vida cultural de Crato. Ainda estudante, foi
presidente do Grêmio Farias Brito, do Colégio Diocesano, quando lá
estudou. Depois escreveu crônicas para as duas emissoras de rádio da
Cidade de Frei Carlos: Araripe e Educadora do Cariri. Em 1966, foi um
dos jovens que mudou a linha editorial e gráfica do jornal “A Ação”,
semanário da Diocese de Crato. Vem daquele tempo minha convivência com
Emerson.
Em 1967, aprovado em concurso público para o Banco do Brasil passou a
trabalhar em Brejo Santo (CE). Em 1971 passou a residir em Salvador (BA)
onde estudo Psicologia e Comunicação. Em 1977 retornou ao Crato e as
suas origens. Aqui graduou-se em Direito e adentrou pela atividade
política, sendo eleito vereador à Câmara Municipal de Crato. Foi ético e
honesto nessas duas atividades, coisa rara para os tempos que marcaram a
redemocratização do Brasil a partir de 1986.
O Instituto Cultural do Cariri muito deve à dedicação e trabalho
desinteressado de Emerson. Ainda hoje, depois de ter exercido todos os
cargos na diretoria do ICC, Emerson é editor da revista Itaytera.
Emerson Monteiro já escreveu e publicou diversos livros, dentre os quais
destaco: “Sombra e luz”, “Noites de lua cheia”, “Cinema de janela”,
“Crônicas e narrativas”, “É domingo” e “Histórias do Tatu”.
Mas, e acima de tudo isso, Emerson Monteiro é respeitado pelo bom
caráter de que é possuidor, pela sua mansidão, lhaneza no tratamento com
as pessoas, correção no agir e profundo sentimento humanitário e
filantrópico que lhe é peculiar. Um homem de bem!
O Cariri tem disso: capela a céu aberto
Na foto acima, a capela Recanto da Divina Misericórdia,
construída em Missão Velha. Ela fica situada no final da Rua Padre
Cícero, naquela cidade, mais precisamente em frente à tradicional
Indústria Linard.
No tempo das bodegas
Até o início da década 60 do século passado inexistiam no Cariri os
supermercados. As famílias compravam os gêneros alimentícios nas
bodegas. Em Crato, no centro da cidade as mais conhecidas eram as
mercearias de Zé Honor e a de Cícero Beija-flor. Naquele tempo nada era
empacotado previamente, como nos dias atuais. O cliente escolhia o que
queria e levava as mercadorias para casa acondicionadas em papel de
embrulho. No piso das bodegas, grandes vasilhames de flandres guardavam
farinha, feijão, arroz, açúcar, sal, milho, goma, dentre outros.
Nas prateleiras de madeira ficavam o sabão, café, latas das bolachas
Pilar e Confiança, conservas, etc. No balcão tinha fiteiros, onde eram
expostos bombons (chamados de “confeitos”), cocadas, chocolates em forma
de peixinhos e os chicletes Adams (caixinhas amarelas sabor hortelã e
caixinhas vermelhas, sabor canela) e outras guloseimas. As bodegas
vendiam de tudo. A maioria dos clientes fazia a feira e só pagava no fim
do mês. As compras eram anotadas em cadernetas. Existia confiança
recíproca entre o dono da bodega e o freguês. O “progresso” acabou com
isso. Poucas bodegas, nas periferias das cidades caririenses, ainda
resistem à mudança voraz feita em nome do progresso.
Destruíram os rios e restaram as enchentes
Na foto acima, como era o Rio Granjeiro que passava no centro de Crato
na década 30 do século passado. A foto foi feita onde hoje existe um
posto de gasolina na esquina da Rua Santos Dumont com Rua Almirante
Alexandrino. O que resta hoje deste cenário paradisíaco é um canal
imundo, que transborda na temporada das chuvas trazendo lama ao centro
da cidade e nos demais meses do ano recebe os esgotos da redondeza.
Em Juazeiro do Norte, o Rio Salgadinho passava próximo ao centro da
cidade, e – como lembram os antigos – tinha uma água límpida, cristalina
que permitia ver até os peixinhos que ali nadavm. Hoje o Rio Salgadinho
é o repositório do lixo urbano que grassa nas proximidades do antigo
leito.Poluído, fedorento... Triste.
Cariri perdeu Monsenhor Manuel Feitosa
Bem disse o Bispo de Crato, Dom Fernando Pastana, na homilia da missa de corpo presente do Monsenhor Manuel Feitosa: “A Diocese e a cidade de Crato amanheceram mais pobres, nesta quinta-feira, 28 de março de 2019.
Nascido em 25 de novembro de 1930, na Fazenda Olha d’Água da Serra,
zona rural do município de Arneirós, no Sertão dos Inhamuns, Mons.
Manuel Feitosa veio ao mundo num lar pobre; no seio de uma família de
agricultores, composta por pessoas profundamente imbuídas dos princípios
da Igreja Católica.
Àquela época, a região dos Inhamuns era integrante da Diocese de Crato.
E a família Feitosa era um destacado clã naquelas terras do semiárido
que lembram um deserto na época do verão. Os jovens da família Feitosa
tinham o costume de deixar o seu torrão natal para estudar na cidade de
Crato. Muitos daqueles jovens se destacaram, posteriormente, como
sacerdotes cultos, professores vocacionados e como escritores”.
Mons. Manuel Feitosa foi um deles. Foi padre durante 60 anos. Viveu a
maior parte da sua vida na cidade de Crato. Mas prestou serviços à
Igreja nas paróquias dos municípios de Jardim, Lavras da Mangabeira,
Várzea Alegre, Granjeiro, Quitaiús e Ipaumirim, Assaré, Antonina do
Norte e Tarrafas. Retornou a Crato em 2000 e seus últimos 19 anos de
vida foram vividos em fazer o bem a todos que o procuravam. O corpo do
Monsenhor Manuel Feitosa foi enterrado na Capela da Ressurreição, na Sé
Catedral, onde estão sepultados os corpos dos quatro primeiros bispos da
Diocese de Crato: Dom Quintino, Dom Francisco, Dom Vicente e Dom
Newton.
Prezado Armando - Receba os nossos cumprimentos por esta postagem digna de aplauso e louvores. Enquanto a mídia nacional presta-se a nulidades e subserviências vem você com este primor de postagem. De todos os tópicos destaco, com especial admiração, o Emerson Monteiro, homem simples, humilde, de cultura esmerada e digno do meu reconhecimento. Padre Manuelzinho Feitosa, um sacerdote admirado por uma legião de pessoas por onde passou deixou o legado da doutrina cristã a ser seguido.
ResponderExcluirDestaque-se o aspecto da defesa do meio ambiente,denunciando a destruição dos rios Grangeiro (em Crato) e Salgadinho (em Juazeiro). E a sensibilidade ao lembrar as "bodegas" que abasteciam as residencias. Bons tempos aqueles.
ResponderExcluir