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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


terça-feira, 4 de junho de 2019

Sem foro, Jucá vive o que chamava de ‘suruba’ - Por Josias de Souza


Incorporado pelo eleitor de Roraima à tribo dos sem-foro, Romero Jucá foi denunciado nesta terça-feira pela força-tarefa de Curitiba. É acusado de beliscar propina de R$ 1 milhão na Transpetro, uma subsidiária da Petrobras então presidida pelo amigo Sergio Machado. A novidade é a mais eloquente evidência de que falharam todas as tentativas de Jucá e seus assemelhados de melar a Lava Jato.

Vale a pena rever a transcrição da conversa vadia que Romero Jucá manteve com Sérgio Machado em 2016, antes do impeachment de Dilma Rousseff:

— É um acordo, botar o Michel, num grande acordo nacional, disse Sérgio Machado.

— Com o Supremo, com tudo, respondeu Jucá, dando asas ao sonho peemedebista de passar uma régua nas apurações da Lava Jato.

— Com tudo, aí parava tudo, animou-se Machado, cujas traficâncias já se encontravam sob o crivo do então juiz Sergio Moro.

— É. Delimitava onde está, pronto!, concordou Jucá, em cujos calcanhares de vidro a Procuradoria começava a agarrar.

Hoje, Temer é um colecionador de inquéritos e ações penais. Já passou um par de vezes pela cadeia, em prisões temporárias. Machado é um delator bem-sucedido. Não colocou os pés num xilindró. Desfruta gostosamente do exílio luxuoso de sua mansão em Fortaleza. E Jucá se prepara para experimentar os rigores da primeira instância curitibana.

O próprio Jucá definiu o que está por vir numa declaração de abril de 2017. Num instante em que o Supremo Tribunal Federal estava prestes a limitar a abrangência do foro privilegiado, os caciques do Senado realizaram um movimento cenográfico. Colocaram para andar um projeto de lei que acabava com a prerrogativa de foro para todas as autoridades, exceto os chefes dos Três Poderes.

Jucá disse na época: "Se acabar o foro, é para todo mundo. Suruba é suruba. Aí é todo mundo na suruba, não uma suruba selecionada." Pois bem. Ex-líder de todos os governos que se instalaram no país desde a chegada das caravelas, Jucá será apresentado aos rigores de uma "suruba" que já encarcerou outros companheiros de (P)MDB. Noves fora Temer, que não chegou a esquentar lugar na prisão, encontram-se em cana Sergio Cabral, Eduardo Cunha e Geddel Vieira Lima.

Um comentário:

  1. Pra tudo há tempo debaixo dos céus. O o líder de todos os governos desde o famigerado FHC até o último está chegando a sua hora de prestar contas.

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