Em agosto o Cariri inicia campanha para Chapada do Araripe virar Patrimônio da Humanidade
Chapada do Araripe
A informação foi divulgada pelo jornal “Diário do Nordeste”, edição de
24-07-2019: “No período de 06 a 09 de agosto, as cidades de Juazeiro do
Norte, Crato e Nova Olinda sediarão seminário com objetivo de defender o
reconhecimento da Chapada do Araripe como Patrimônio da Humanidade. A
diversificada programação do evento reúne debates, exposições,
espetáculo teatral, oficinas e a inauguração de três Museus Orgânicos:
Museu Casa do Mestre Nena, em Juazeiro do Norte; Museu Casa do Mestre
Raimundo Aniceto, no Crato e Museu Casa Oficina de Dona Dinha, em Nova
Olinda. A inciativa é do Serviço Social do Comércio (Sesc-Ceará).
“O encontro tem o objetivo de apresentar a importância da região e discutir sobre os próximos passos para o título. A ideia surgiu durante encontros com organismos internacionais balizadores do patrimônio imaterial. Há quase dois anos, o Sesc-Ceará, em parceria com a Fundação Casa Grande, vem dialogando com a comunidade local sobre a influência cultural do território.
“A Chapada do Araripe abriga fontes naturais, grutas, sítios paleontológicos e arqueológicos, além de vasta cultura popular. No Ceará, ela está situada no sul do Estado, conhecida como Região do Cariri”.
“Seu” Pedro Felício
Geraldo Duarte, residente em Fortaleza, é advogado, administrador e
dicionarista. Foi Procurador Geral da Prefeitura de Fortaleza. Geraldo
escreve uma croniqueta semanal no “Diário do Nordeste” e, vez por outra,
aborda temas ligados ao Crato e ao Cariri. Esta semana ele publicou o
abaixo:
“Quadratura do círculo no Crato
Pedro Felício Cavalcanti (1905–1991), ipuense, viveu com familiares a juventude no Crato, tendo estudado em Fortaleza. Nesta capital, realizou o Curso Técnico em Contabilidade, na antiga Escola Fênix Caixeral, depois retornando à terra do Padre Cícero.
Professor, contador e poeta, fundou e gerenciou o Banco Caixeral, dirigiu a Associação Comercial, foi idealizador e instituidor do Colégio Municipal e das Faculdades de Ciências Econômicas e Faculdade de Direito.
Eleito e reeleito exerceu o cargo de prefeito durante dois mandatos (1963 a 1966 e 1973 a 1976), fazendo-se reconhecido, até a atualidade, devidos às destacadas obras públicas construídas em suas gestões.
Além de verdadeiro lutador pela implantação da Universidade Regional do Cariri (URCA), os moradores também lembram benfeitorias como a eletrificação rural, o Mercado Central, a Quadra Bicentenário, a reforma da Praça da Sé, as construções do Obelisco e Parque de Exposição Agropecuária, afora outros empreendimentos sócio-econômico-culturais.
Pedro Felício era gentil, simples, altamente metódico e conservador. Certa feita, caminhando inadvertidamente por uma das calçadas da cidade, pisou numa casca de banana, sofrendo desastrada queda e luxações. Desde então, jamais usou os passeios, deslocava-se exclusivamente pelo meio das ruas.
O neto, José Kleber Callou Filho, narra que o avô conversava com os cratenses Paulo Hélder, Ariovaldo Carvalho, Eron Pinheiro, Zé Albani Maia e outras pessoas, quando Paulo perguntou: “Seu Pedro, qual o motivo das obras que o senhor constrói serem, quase todas circulares? Como o formato da Rodoviária, das lavanderias e outras?
Resposta imediata e deveras desconcertante: “Paulo, é porque no Crato ainda existe gente muito quadrada!”.
No caminho de casa, Kleber indagou o porquê do respostar e Pedro deu somente uma risada”.
O caudilho Pinto Madeira
Imperador Dom Pedro I cuja renúncia ao Trono, em 1831, motivou Pinto Madeira a pegar em armas. Face de Pedro I reconstituida
Escrevi um opúsculo sobre Joaquim Pinto Madeira, que passou à histórica
como um “caudilho”. Quem escrever sobre Pinto Madeira não pode
obscurecer que ele cometeu erros e injustiças, nas suas participações em
cenários da “Guerra do Pinto”, que assolou o Cariri, após a renúncia de
Imperador Dom Pedro I ao Trono Brasileiro.
Também não se podem esconder as qualidades pessoais de Pinto Madeira.
Dentre elas, a coerência, sinceridade, lealdade e coragem de que era
possuidor. Merece ser lembrada, também, a sua religiosidade, um
sentimento que o levou a se filiar à Irmandade do Santíssimo Sacramento,
da Paróquia de Nossa Senhora da Penha de Crato, em abril de 1816.
Talvez por isso suas últimas palavras – após levar a descarga fatal que o
matou – foram palavras da fé que sempre o guiou em vida:
– Valha-me o Santíssimo Sacramento!
Escritores do Cariri: Denizard Macedo
Denizard Macedo
José Denizard Macedo de Alcântara nasceu em Crato, na Praça da Sé, em
1° de setembro de 1921. Ele se destacou, principalmente, como um
intelectual, como professor em várias instituições de ensino de
Fortaleza, bem como por ser um homem de ideias firmes e transparentes.
Lecionou na Escola Preparatória de Cadetes, do Colégio Militar do Ceará,
Instituto de Educação, Faculdade Católica de Filosofia, Escola de
Serviço Social e vários educandários de segundo grau. Incursionando na
política foi eleito vereador por Fortaleza. Foi também jornalista,
ensaísta, historiador, conferencista e geógrafo. Pertenceu à Sociedade
Cearense de Geografia e História, Instituto do Ceará e Academia Cearense
de Letras, onde ocupou a cadeira de n° 34, substituindo outro cratense,
J.de Figueiredo Filho.
Denizard Macedo foi, ainda, Secretário da Cultura do Ceará e escreveu
as seguintes obras: A Universidade na Defesa Nacional; Fundamentos da
Administração Cearense; A Conjuntura Histórico-Geográfica da
Industrialização Brasileira; Racionalização da Competência
Administrativa do Município; Geografia da América; Cultura e
Universidade; Vida do Brigadeiro Leandro Bezerra Monteiro; Ascensão e
Declínio do Magistério Brasileiro; Ensino de Filosofia no Ceará e
Retrato da História da Independência.
Católico sincero, possuidor de sólida formação religiosa, Denizard era
monarquista convicto, apesar da proibição da República brasileira, a
qual – durante cem anos, de 1889 a 1988 –, proibiu qualquer divulgação
pública sobre as vantagens desta forma de governo. Para quem não sabe,
os monarquistas foram os últimos anistiados políticos desta ineficiente
república brasileira. Somente com o advento da sétima constituição
republicana, a atual, promulgada em 1988, concedeu-se liberdade aos
monarquistas de exporem à luz do sol, e de forma pública, suas pacíficas
ideias.
Denizard Macedo faleceu com 63 anos de idade em 11 de novembro de 1983.
Atendendo a seu pedido, a família e amigos colocaram sobre o seu caixão
mortuário a Bandeira do Brasil Império
Pedro Felício deixou saudades, exemplos e legado a ser seguido. Pinto Madeira marcou a história. Denizard Macedo fez história escrevendo a história. Sua postagem é digna de distinção e louvor. Parabéns.
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