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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


sábado, 31 de agosto de 2019

A origem da devoção à Nossa Senhora da Penha na cidade de Crato - por Armando Lopes Rafael (1ª Parte)


No próximo domingo, 1º de setembro de 2019, a população cratense festejará sua Imperatriz e Padroeira
  
    A devoção à Santíssima Virgem Maria, na cidade de Crato, aqui venerada sob o título de Nossa Senhora da Penha, remonta a uma humilde capelinha de taipa, coberta de palha, construída – por volta de 1740 – pelo capuchinho italiano Frei Carlos Maria de Ferrara. Este frade foi o fundador do aldeamento da Missão do Miranda, núcleo inicial da atual cidade de Crato. A missão foi criada para abrigar e prestar assistência religiosa às populações indígenas, espalhadas, no século XVIII,  ao Norte da Chapada do Araripe. A notícia mais antiga, até agora conhecida, sobre as atividades pastorais de Frei Carlos Maria de Ferrara, em Crato, tem a data 30 de julho de 1741. 

           Em 1762, o 8º Bispo de Olinda, Dom Francisco Xavier Aranha, criou a Paróquia de Nossa Senhora da Penha, que só foi instalada em 1768. A partir daí teve início os novenários anuais em louvor s Padroeira de Crato. No entanto a primeira notícia que temos das festas de Nossa Senhora da Penha, na Vila Real do Crato, foi-nos transmitida por Os festejos dedicados a Nossa Senhora da Penha – Imperatriz e Padroeira de Crato – são realizados há 251 anos. E se constituem na mais tradicional e longeva manifestação religiosa popular feita nesta cidade.

    A mais antiga referência a esta festa data de 1838, e foi feita por George Gardner, naturalista, botânico memorialista, intelectual, pesquisador, escritor, ensaísta e cientista escocês, que esteve em Crato em 1838. Autor do livro “Viagem ao Interior do Brasil”, publicado em Londres em 1846 (e somente traduzido para o português e editado no Brasil quase cem anos depois) George Gardner descreveu – no livro citado – a festa da Padroeira de Crato, da qual destacamos o seguinte trecho:

“Durante minha estadia em Crato foi celebrada a festa de N. Senhora da Conceição, (Gardner equivocou-se quanto à invocação da Virgem Maria patrona da Cidade de Frei Carlos, pois o certo é Nossa Senhora da Penha) precedida de nove dias de divertimentos, cujas despesas correm por conta de pessoas designadas para conduzi-los; enquanto durou a novena, como é chamada, os poucos soldados que havia na vila não cessaram quase, dia e noite, de dar tiros e as procissões, iluminações, girândolas de foguetes e salvas, com um pequeno canhão em frente da igreja, trouxeram ao lugar um constante alvoroço”.

(Pesquisa e postagem de Armando Lopes Rafael)

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