Hoje
é o dia da festa de Nossa Senhora das Dores, Rainha e Padroeira de
Juazeiro do Norte. Daqui a oito anos essa tradicional devoção completará
200 anos naquela cidade
Podemos afirmar, com toda segurança, que a cidade de Juazeiro do Norte
teve início como fruto da devoção a Nossa Senhora das Dores. Embora a
maioria das pessoas atribua ao Padre Cícero Romão Batista a fundação de
Juazeiro do Norte, renomados historiadores afirmam ter sido o cratense
Brigadeiro Leandro Bezerra Monteiro o fundador do núcleo primitivo, que
deu origem da atual cidade. Amália Xavier de Oliveira, no livro O Padre Cícero que eu conheci, esclarece o que motivou a construção de uma capela na Fazenda de propriedade do Brigadeiro Leandro.
“Ordenara-se
sacerdote, o Pe. Pedro Ribeiro de Carvalho, neto do Brigadeiro, porque
filho de sua primogênita, Luiza Bezerra de Menezes, e de seu primeiro
marido, o Sargento-mor Sebastião de Carvalho de Andrade, natural de
Pernambuco. Para que o padre pudesse celebrar diariamente, sem lhe ser
necessário ir a Crato, Barbalha ou Missão Velha, a família combinou com o
noveL sacerdote a ereção de uma capelinha, no ponto principal da
fazenda, perto da casa já existente. A capela foi consagrada a Nossa
Senhora das Dores, cuja imagem foi trazida de Portugal. (livro citado, páginas 33-35)
Deve-se, pois, ao Brigadeiro Leandro a iniciativa da primeira
urbanização da localidade – ainda conhecida por Tabuleiro Grande – com a
edificação da Casa Grande, de uma capela, além de residências para os
escravos e agregados da família. A realidade histórica nos mostra:
quando o Padre Cícero chegou ao “Joaseiro”, para fixar residência, em 11
de abril de 1872, como sexto capelão, já encontrou um povoado formado
em torno da capelinha de Nossa Senhora das Dores.
Contava o lugarejo, à época da chegada deste sacerdote, com 35
residências, quase todas de taipa, espalhadas desordenadamente por duas
pequenas ruas, conhecidas por Rua do Brejo e Rua Grande. No povoado – à
época da chegada do Padre Cícero – residiam cinco famílias, tidas como a
elite do vilarejo: Bezerra de Menezes, Sobreira, Landim, Macedo e
Gonçalves. É verdade, porém, que o povoado só veio a ter alguma projeção
a partir da ação evangelizadora do Padre Cícero. E o vertiginoso
crescimento demográfico da localidade só começou em 1889, motivado pela
ocorrência dos fatos protagonizados pela Beata Maria de Araújo, que
passaram à história como “O Milagre da Hóstia”.
(*) Armando Lopes Rafael é historiador
Fatos que a história precisa agregar a si. O certo é que toda cidade teve o seu nascedouro em torno de uma igreja, em torno da religião, da fé, de Deus.
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